Grupo de militares se rebela contra Maduro

Um grupo de militares do chamado Forte Paramacay, no estado de Carabobo, na Venezuela, promoveu um levante neste domingo contra o governo de Nicolás Maduro. Os militares acabaram rendidos por outros membros das Forças Armadas, de acordo com Diosdado Cabello, integrante da Assembleia Nacional e homem forte do governo chavista.

Em um vídeo divulgado na internet, um grupo de aproximadamente 20 homens usando uniformes militares e armados acompanharam um porta-voz identificado como capitão Juan Caguaripano.

“Nos declaramos em legítima rebeldia, nos unimos hoje mais que nunca com o bravo povo da Venezuela para reconhecer a tirania assassina de Nicolás Maduro[…] Como militares institucionais, reconhecemos e respeitamos a Assembleia Nacional (parlamento do país, cuja maioria é opositora ao governo Maduro) e exigimos que ela reconheça e respeite a vontade de um povo de se livrar da tirania”, disse Caguaripano.

O militar alegou estar acompanhado de oficiais, tropas da ativa e da reserva de todos os componentes das Forças Armadas, assim como policiais.

https://youtu.be/xfFi8ClIyzk

Os protestos contra a constituinte venezuelana já deixaram mais de 125 mortos e 4.500 o número de detenções, de acordo com a ONG Foro Penal.

Crimes políticos

A Assembleia Constituinte da Venezuela (ANC) suspendeu a instalação da chamada “Comissão da Verdade” que visa punir pessoas que supostamente cometeram fatos violentos nas manifestações contra o governo. A decisão foi emitida após a rebelião dos militares do Forte Paramacay.

“Não se trata de perseguir pessoas, e sim o delito que elas praticaram […] A direita substituiu a ação política pela ação criminal. Nunca vimos a direita condenando quando alguém era linchado ou queimado vivo por ser chavista”, disse, em defesa da comissão, a ex-ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, atual presidente da Assembleia Nacional Constituinte e da Comissão de Justiça do país, em uma recente entrevista à agência AFP.

A decisão de criar a Comissão da verdade foi tomada poucas horas depois que o líder da oposição, Leopoldo López, retornou à prisão domiciliar após passar quatro dias em uma penitenciária militar. López foi condenado a quase 14 anos de prisão por incitação à violência nos protestos de 2014, que deixaram 43 mortos.

Procuradora-geral

No último sábado, 5, o governo venezuelano destituiu e ameaçou processar a procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz, após ela ter dito que as últimas eleições que ocorreram no país eram fraudulentas, além de ter denunciado os abusos das forças de segurança.

“Desconheço as decisões e não as assumo porque estão à margem da Constituição e da lei”, disse Ortega ao justificar que não acatará a decisão do governo.

Ortega enfrentará um julgamento por supostas irregularidades em sua gestão. Ela teve seus bens congelados e foi proibida de deixar o país. Tarek William Saab assumiu o cargo de procurador-geral.

*Com agência AFP e EFE)

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