Pincelando a identidade fronteiriça, artista criou mural de 166 m²

Trabalho de Angela Silva começou em março deste ano e já foi finalizado pela artista

Pincelando a identidade fronteiriça, artista criou mural de 166 m² Mural de 166 m² começou a ser "construído" em março deste ano. (Foto: Divulgação)

A partir de depoimentos externos e interpretações próprias, a artista e professora Angela Silva criou um mural de 166 m² para ilustrar a identidade fronteiriça no campus do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), em Ponta Porã. Podendo ser visto pela BR-463, o trabalho já se tornou parte marcante da paisagem.


Há três anos, após Angela participar de um evento de muralismo na Cidade do México e se dedicar a uma pintura no Equador, a vontade de sentir a arte como estudo e profissão se intensificou. A partir dali, as ideias começaram a surgir.


“Minha relação com a pintura em paredes e muros surge de um desejo de ampliar a voz, eu acho. Desenhar e pintar, para mim, sempre foi uma espécie de voz, de forma de comunicar algo que não sei ver e falar muito bem”, explica sobre sua relação.


A partir da lógica de que criar um mural significa convidar outras pessoas para a conversa, o objetivo da artista é compartilhar um diálogo que não fique restrito. E, no caso específico do mural criado em Ponta Porã, a ideia foi criar reflexões sobre o que é chamado de identidade fronteiriça.


Explicando sobre os elementos, Andrea comenta que tudo foi pensado a partir de respostas obtidas durante uma fase de investigação com a comunidade e em entrevistas com cinco pessoas relevantes no setor cultural. “Algumas pessoas disseram que viver na fronteira é natural, que há o transitar entre países sem que isso seja algo pensado, então a presença de aves ali, de certa forma, representa essa naturalidade do transitar”.


Já o vermelho ao fundo remete à violência presente desde o genocídio dos povos originários durante o processo de colonização até o contexto atual envolvendo o narcotráfico, algo citado por um dos entrevistados. “Ele disse que há muito sangue correndo fora dos corpos em nossa fronteira”, diz.


Seguindo com os elementos, a mulher bordando um tecido no céu remete à ancestralidade, “a natureza existe e resiste antes e depois da humanidade, essa foi uma forma de representar esse entendimento que também se relaciona à fala de uma das entrevistadas que mencionou o fato do Sol nascer em um país e se por em outro”.


Por último, as duas meninas na arte representam as duas nações, “jovens e próximas”. Agora, com a arte pronta, Angela comenta que as reações das pessoas têm sido as melhores possíveis.


“Costumo dizer que tenho muita sorte de ter descoberto nessa vida algo que eu amo tanto fazer como eu amo pintar paredes.   A troca com as pessoas durante o processo é algo que a pintura pública propícia e que faz muito bem”, pontua a artista.


Contemplado pelo FIC (Fundo de Investimentos Culturais), o trabalho foi promovido pela FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) através da Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. Trabalho artístico também conta com o apoio da UFMS.


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