Empreendedores fogem da burocracia e da crise no Brasil

Empreendedores fogem da burocracia e da crise no Brasil

O cenário não poderia ser mais típico do Vale do Silício, a meca californiana da tecnologia, onde nasceram gigantes como Apple e Google. Em um início de noite gelada de inverno, representantes de onze startups - termo pelo qual são designadas as empresas iniciantes, focadas em inovação - aglomeravam-se no 43º andar do mais simbólico prédio de São Francisco, o Transamerica Pyramid, que se destaca na paisagem da cidade por seu formato de pirâmide espelhada, com 260 metros de altura. Em meio ao clima de happy hour, regado a cerveja local, os tensos empreendedores batalhavam para exibir seus negócios a investidores da região, que poderiam vir a apoiar financeiramente suas ideias. Havia, porém, um fator inusitado: os 42 presentes só falavam em português.

O encontro fora promovido por um fundo de investimentos paulistano, o Redpoint. A proposta era aproximar empresários em início de carreira de colegas experientes, que já alcançaram o sucesso e moram no Vale. Um ponto em comum: todos os empresários eram, também, brasileiros (tanto os novatos quanto os maduros). Eles integram uma onda de empreendedores que, em decorrência da prolongada crise econômica e política no Brasil, optaram por juntar os milhões de reais que ganharam no país e se mudaram para a Califórnia. O objetivo: buscar melhores oportunidades para investir sua fortuna - agora, transformada em dólares.

Marcelo do Rio, 50 anos, fundador da cervejaria Devassa

“Na economia brasileira, tudo, em especial a burocracia, joga contra os empreendedores. Na Califórnia, leva-se só uma semana para pôr de pé uma startup.”

Marcelo Maisonnave, 40 anos, sócio da corretora XP Investimentos

“Mudei-me para o Vale à procura de novas ideias, de inovações na área financeira. Assim consigo me preparar para fundar ou investir em uma empresa de ponta.”

Julio Vasconcellos, 35 anos, criador do site Peixe Urbano

“A deterioração da economia do país fez com que tudo quanto é negócio andasse mais devagar. Por isso, decidi realizar minha próxima empreitada em São Francisco.”Margarise Correa, 52 anos, presidente e fundadora da organização sem fins lucrativos BayBrazil

(Fonte: Veja.com)

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