Mais de 117 mil pessoas entraram na lista de negativados neste ano

Número de pessoas inadimplentes em MS passou de 935 mil em dezembro de 2022 para 1,053 milhão em outubro de 2023

Mais de 117 mil pessoas entraram na lista de negativados neste ano

Em 10 meses, Mato Grosso do Sul já soma 117.320 novos consumidores na lista de negativados. O número de pessoas inadimplentes no Estado passou de 935.904 em dezembro do ano passado para 1.053.224 milhão em outubro deste ano, aumento de 12,53%, conforme indica a Serasa.


Em janeiro, MS atingiu a marca histórica de 1 milhão de pessoas inadimplentes. Desde então, o número segue registrando altas sucessivas, com exceção apenas para junho e agosto, quando houve uma pequena redução na comparação com os meses anteriores. Em junho, o decréscimo porcentual foi de 0,26%, enquanto em agosto foi somente de 0,03%.


Nos meses seguintes, setembro com 1,046 milhão e outubro com 1,053 milhão, a lista de negativados voltou a ganhar novos nomes. Na comparação entre os meses, o aumento foi de 0,66%.


O economista Márcio Coutinho analisa o cenário regional e destaca um dos fatores que contribuiu para o crescimento da inadimplência: o comportamento consumista.


“As pessoas estão gastando mais do que ganham. Uma vez que existe uma falta de educação financeira, pensando somente no hoje, elas acabam consumindo e se endividando, com reflexo que acontece lá na frente e que se comprova em números, como os que podemos constatar”, pondera.


Para Coutinho, outro aspecto é a ausência de empregos bem remunerados. “A economia não está ainda totalmente aquecida e não está gerando empregos suficientes para suprir as necessidades demandadas. Isso faz com que as pessoas apertem mais os orçamentos e, em muitas vezes, recorram ao crédito e acabem falhando em seus compromissos”, complementa.


Em relação à chegada do fim de ano, o mestre em Economia Lucas Mikael ressalta que, ao mesmo tempo que há um período de consumo, também há um volume maior de recursos, como o décimo terceiro salário, a participação em lucros e resultados, o bônus, entre outros benefícios, os quais podem equilibrar o mercado, assim como a quitação de dívidas, culminando na saída da lista da inadimplência.


“Novembro é marcado pela Black Friday, seguido, em dezembro, pelas festas de fim de ano, como Natal e Réveillon, além das férias. Esses eventos são comumente conhecidos pelo alto consumo. Assim, a tendência é de manutenção para o índice, com provável variação porcentual pequena para dezembro”, explica Mikael.


Em seu diagnóstico para 2024, Coutinho reitera que o panorama deve ser de manutenção da taxa de negativados elevada no Estado.


“Apesar de projeções de aumento no Produto Interno Bruto [PIB], o crescimento não será tão grande a ponto de deixar a economia extremamente aquecida. Dessa forma, a situação deve permanecer”, conclui.


OUTUBRO


Ainda de acordo com dados do relatório da Serasa referente a outubro, dos 49,41% da população adulta economicamente ativa do Estado, a maior fatia é do sexo masculino, correspondendo a 52%. 


Já no quesito idade, as faixas etárias mais afetadas são as entre 26 e 40 anos, com 35,9%, e de 41 a 60 anos, com 34,8%.


Apesar do aumento, um componente do relatório apresenta recuo no 10º mês do ano, sendo as dívidas relacionadas às contas básicas, como luz, água e gás. A queda é de 0,29 ponto porcentual (p.p.) entre setembro e outubro, passando de 11,05% das pendências financeiras em Mato Grosso do Sul para 10,76%.


As informações são da edição mais recente do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, da Serasa, que reúne informações de outubro.


Como maior vilão, responsável por 32,62% dos débitos, o levantamento aponta o segmento de cartões e bancos, concentrando a maior porcentagem de dívidas.


Em setembro, o mesmo segmento correspondia a 32,34% das pendências. Já as dívidas financeiras e de varejo representam 17,15% e 15,26% das pendências, respectivamente.


Mikael esclarece que, apesar da queda da Selic, a taxa básica de juros do País, os juros de mercado ainda seguem em patamar muito elevado.


“Quando a gente olha os juros do cartão de crédito, por exemplo, são altíssimos, e estamos falando de algo em torno de 15% ao mês e mais de 440% ao ano no rotativo. Então, isso é que tem levado essas pessoas a apontarem uma maior dificuldade para pagar suas dívidas”, justifica.


No âmbito nacional, as dívidas relacionadas às contas básicas, as chamadas utilities, diminuíram 0,30 p.p. entre setembro e outubro, passando de 23,83% das pendências financeiras no Brasil para 23,53%.


Os débitos com bancos e cartões são os mais comuns entre os consumidores no País (29,19%). O número total de brasileiros inadimplentes teve leve alta passando de 71,8 milhões em setembro para 71,9 milhões no mês passado.


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