Produção agropecuária deve ter queda em 2024, diz CNA

Para o segmento agrícola, as projeções recém-anunciadas pela CNA apontam um valor bruto da produção 3,4% abaixo do nível verificado em 2023, devido às incertezas causadas pelo fenômeno climático El Niño

REUTERS Produção agropecuária deve ter queda em 2024, diz CNA Caminhão carregado de soja no Mato Grosso

O valor bruto da produção agropecuária deve cair 2,1% e alcançar R$ 1,217 trilhão em 2024, segundo estimativas divulgadas nesta terça-feira (5) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).


Para o segmento agrícola, as projeções recém-anunciadas pela CNA apontam um valor bruto da produção 3,4% abaixo do nível verificado em 2023, devido às incertezas causadas pelo fenômeno climático El Niño.


Para a pecuária, é esperado um crescimento de 0,8% — associado principalmente à reação dos preços da arroba do boi.


Em evento na sua sede em Brasília, a CNA apresentou nesta manhã um balanço do setor em 2023 e as perspectivas para 2024.


De acordo com os números apresentados pela entidade, apesar da produção recorde de grãos de 322,8 milhões de toneladas na safra 2022/23, a margem de lucro do produtor rural brasileiro diminuiu.


Os custos de produção elevados e a queda no preço das commodities comprometeram a receita dos produtores neste ano.


A margem bruta da soja, por exemplo, teve queda de 68% na comparação com a safra 2021/22. Para o milho primeira safra e segunda safra, o tombo foi ainda maior.


Na pecuária de leite, o impacto também foi sentido. Com o movimento de retração de preços maior do que o de custos, a margem de lucro dos produtores foi 67,4% menor em outubro de 2023, em relação ao mesmo período do ano passado.


Diante das incertezas crescentes para 2024, com mudanças na temperatura média e nos índices de chuvas por causa do El Niño, a CNA ressalta a necessidade de maior volume de recursos para o seguro rural, que hoje está em pouco mais de R$ 1 bilhão.


Na avaliação da entidade, seriam necessários R$ 3 bilhões para cobrir uma área de aproximadamente 14 milhões de hectares contra o risco de quebra de safra, assim como ocorreu em 2021.


Em 2023, segundo a CNA, há previsão de recorde das exportações do agronegócio brasileiro. A expectativa é que, até o fim do ano, sejam embarcados US$ 164 bilhões.


Para 2024, prevê um cenário “desafiador”, principalmente no âmbito geopolítico. A CNA chama a atenção para potenciais desavenças no Mercosul — com uma postura mais liberalizante do novo presidente da Argentina, Javier Milei, e com a insistência do Uruguai em negociar um acordo próprio com a China.


Uma preocupação adicional é a Lei Antidesmatamento da União Europeia, sancionada em 2023, que entrará em vigência no fim de 2024. Há riscos de barreiras comerciais sobre produtos agropecuários brasileiros sob a alegação de que a cadeia produtiva inclui insumos provenientes de áreas sem comprovação de desmatamento zero.


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