Usados caem no gosto dos compradorese exigem cuidados

Usados caem no gosto dos compradorese exigem cuidados

A escolha pelo carro seminovo ou usado tem sido a opção mais buscada por quem tem interesse em trocar o veículo. Isso vem acontecendo mais acentuadamente desde setembro do ano passado, quando os números da economia e o bolso das pessoas passaram a ficar mais sensíveis pelos problemas do país.

A Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) confirma essa situação, que perdura até agora. A entidade identificou que o mercado de seminovos e usados, em março deste ano, movimentou 15,4% a mais de vendas que na comparação com fevereiro.

Em compensação, a venda de carros novos teve queda de 25%, conforme a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

Dinheiro mais escasso, temor do consumidor com relação ao futuro da economia e ainda juro mais alto, com crédito mais restrito desenham esse cenário de queda na venda dos novos e maior interesse pelos já rodados.

Independente da escolha por um seminovo (com até três anos de uso) ou um usado, quem decide comprar precisa avaliar detalhes importantes para não ter “um presente de grego”.

Para repassar dicas ao comprador de um “novo carro usado”, recorremos a alguns especialistas para verificar o que é preciso se atentar na hora de fazer esse tipo de negócio.

O mecânico Julierme Maluf, 38 anos, com experiência de 20 anos na área depois de trabalhar em concessionárias como Jaguar, Land Rover, Renault, explica quais itens são fundamentais para se observar antes de fazer qualquer compra.

O empresário do ramo de venda de veículos seminovos e usados Osvaldo Jorge, 53 anos, há 30 anos trabalhando nessa área em Campo Grande, é outro que destaca como se orientar para na hora de discutir preço e garantia, conseguir fazer o dinheiro render.

O que olhar

Motor e câmbio são os principais itens que precisam ser avaliados. Os consertos de qualquer um deles costumam ficam mais caros.

Um problema no motor, dependendo do modelo do veículo nacional, pode exigir gastos entre R$ 800 a R$ 5 mil. No câmbio, os consertos variam entre R$ 800 a R$ 1,2 mil.

“O ideal é recorrer sempre a um profissional da confiança do comprador. Assim, ele vai escutar barulhos, olhar o veículo, levantar para identificar consertos de colisões ou mesmo outros defeitos. Mas antes disso, é possível prestar atenção no motor e câmbio para descartar de vez ou levar a diante uma conversa com o vendedor”, analisa Julierme Maluf.

Com relação ao motor, é importante verificar se no escapamento tem resto de óleo. Isso pode denunciar que o propulsor está fraco. Fumaça branca ou escura ao se acelerar é indicativo de algo ruim também.

Outra dica importante é abrir o capô e verificar se na vareta de medição de óleo ou na tampa em cima do cabeçote há sinal de um material esbranquiçado. Constatar isso significa que houve algum defeito no cabeçote ou mesmo no motor.

Para o câmbio, o melhor a se fazer é verificar se todas as marchas funcionam e se durante o funcionamento há barulho de “ronco” ou um zumbido.

“Primeira coisa a se fazer é dar uma volta no carro para tentar ouvir barulhos. Engatar todas as marchas durante o teste para ver se há dificuldade para alguma encaixar. Durante essa volta acelere para ouvir o barulho do motor, se houver algo que te incomode pode ser problema”, comenta o mecânico.

Ele sugere que é necessário notar se tem algo que não está funcionando em outras partes que não são necessariamente mecânicas. Setas, limpador do parabrisa, esguichador de água e outros itens elétricos. Pode parecer simples, mas qualquer defeito desse tipo vai gerar gasto para conserto ou mesmo uma multa.

De Olho no Ano

Julierme, que já trabalhou em concessionária, dá a dica que o primeiro ano de lançamento de um carro geralmente trata-se de período de testes daquele modelo.

Com isso, esses veículos costumam apresentar defeitos que os vendidos nos anos seguintes não tem. “O primeiro ano de carro lançamento é de testes. As montadoras acabam encontrando correções que não identificaram antes. Quem compra um modelo desse tipo é bom ter isso em mente”, sugere.

O especialista aponta que deve ser perguntado ao dono anterior se aquele carro passou por um recall para que o devido conserto tenha sido feito.

Hora de Negociar

Conseguir fechar bom preço e garantia vai ser fácil de conseguir se o comprador procurar um vendedor sem “ficha suja”. Caso a compra seja direta com o proprietário, confirmar a atualização dos documentos, tributos em dia e presença de multa é fundamental.

Alienação, por conta financiamento com banco, é outra situação para se atentar. Com o número do renanvam, que consta no documento, é possível levantar essas informações.

Alguns sites podem ajudar nesse conferimento de dados ou mesmo um despachante. O Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MS) tem esse serviço disponível online.

Na compra direta com o proprietário, é bom ter um contrato para garantir qualquer tipo de disputa que venha ocorrer.

Se a tratativa é com uma empresa, procurar histórico do local é fundamental. “É preciso procurar uma loja boa, que oferece garantia e cumpre com a promessa. Em geral, um lugar idôneo permanece no mercado por muito tempo. Importante procurar o Procon e ver se há reclamações do lugar”, explicou Osvaldo Jorge, conhecido como Pardal, há 35 anos vendendo veículos seminovos e usados.

De acordo com ele, uma empresa séria costuma até mesmo fazer pequenos reparos para sempre vender um veículo sem problemas mecânicos ou de funilaria. “Quem faz uma boa venda vai fidelizar o cliente. Tem pessoas que compram comigo há 25 anos”, menciona.

A garantia de motor e câmbio, de acordo com legislação, é de três meses. “Além de dizer que há a garantia, o comprador deve questionar como funciona para a empresa conceder isso. Assim ele estará ciente do procedimento, caso necessite”, orienta Pardal.

(Fonte: Correio do Estado)

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