Escovar dentes de pet: prática evita doenças graves e até cirurgia para remover tártaro

Escovação, que deve ser no máximo em dias alternados, previne mau hálito e doença periodontal, que acarreta infecções bucais, perda dos dentes e até comprometimentos nos rins, fígado e coração.

(Freepic | Brostooleh) Escovar dentes de pet: prática evita doenças graves e até cirurgia para remover tártaro

Cachorro e gato com bafo não são apenas constrangimento com as visitas ou mal-estar entre moradores da casa, mas sintomas de que algo na saúde bucal desses bichos não vai bem. Engana-se, portanto, quem pensa que os animais de estimação não precisam escovar os dentes.


A prática, negligenciada pela maioria dos tutores, evita a formação de placas bacterianas e tártaro na boca dos pets. Com isso, a limpeza previne o mau hálito e doença periodontal, que pode provocar infecções bucais, perda dos dentes e até comprometimentos nos rins, fígado e coração.


Há casos, no entanto, nos quais a intervenção de um veterinário especializado em limpeza bucal de pets se torna necessário: quando o “bafinho” de animal está insuportável, por exemplo, é sinal de que o tártaro está em estágio avançado, justificando a prática de limpeza cirúrgica.


Escovação diária ou em dias alternados


Para evitar a placa bacteriana, o tutor deve se comprometer com a escovação nos dentes do pet, que deve ser feita diariamente ou, no máximo, em dias alternados.


“Os dentes dos pets devem ser escovados diariamente ou pelo menos dia sim, dia não. A placa bacteriana que é a causadora da doença periodontal se forma a cada 24 horas, e precisamos removê-la para evitar a formação do cálculo dentário (tártaro)”, explica a dentista veterinária Stephani Tracy Matheussi Gomes ao Jornal Midiamax.


E não são apenas cachorros e gatos que desenvolvem acúmulo de placa dentária: em geral, animais de pequeno porte, e que possuem os dentes mais ‘apinhados’, possuem mais predisposição para desenvolvê-lo.


“Os animais de pequeno porte, miniaturas e os braquicefálicos (os animais de focinho curto e a cabeça de formato achatado) acabam tendo mais predisposição ao acúmulo de cálculo dentário (tártaro), porque os dentes são mais apinhados o que acaba facilitando o acúmulo da placa”, explica a dentista veterinária.


Tarefa não é fácil


A tarefa de higienizar a boca de um animal de estimação não costuma ser fácil – o que faz muitos tutores desistirem da prática. Contudo, ninguém precisa ser um Tom Cruise para enfrentar a Missão Impossível que a escovação pode se tornar. Há maneiras amigáveis de executar a tarefa.


“Com o tempo, o animal tende a se acostumar com a escovação. E o custo-benefício é excelente, porque evita que ele desenvolva graves doenças relacionadas ao acúmulo de tártaro nos dentes”, explica a médica veterinária Anny de Oliveira, que também conversou com a reportagem.


Ela explica que a bactéria presente na boca dos animais se organiza de uma forma no dente a ponto de formar um biofilme. “E aí, com esse acúmulo, que o biofilme vai aumentando, conforme o cão vai comendo e tomando água. Ele vai se mineralizando, calcificando, formando principalmente o tártaro”, diz a veterinária.


Escova de pet ou escova de gente?


Dada a importância de evitar a formação do tártaro nos dentes dos pets, há produtos voltados para essa necessidade, como pasta de dente e escovas para animais. Apesar de diferentes, Anny recomenda a escova de dente usada pelos humanos a especial para os pets.


A maciez das cerdas e o tamanho da escova faz a médica recomendar para pequenos animais como cães e gatos. Até as escovas de crianças ou de bebê podem ser usadas. “A escova veterinária tem uma parte não muito legal que ela não é tão macia. Exceto se o cão e o gato já escova com ela. Pode continuar”, orienta.


Já a pasta, como o animal vai engolir, não é possível usar a mesma usada pelo ‘pai ou mãe de pet’. “Sempre peço aos tutores se atentarem aos sabores, escolher sabores que o pet gostam. Quem gosta de menta e hortelã são os humanos. Os pets gostam de frango, uma pasta de carne, alguma coisa assim”, diz Anny à reportagem.


Intervenção cirúrgica


Caso seu pet já tenha o tártaro acumulado, é preciso um procedimento cirúrgico para a operação. Como os médicos precisam que o animal fique parado, é utilizado a anestesia. Após a consulta clínica inicial para saber o histórico do ‘PETiente’, uma radiografia é feita para averiguar a saúde do dente. O procedimento já é feito com o animal sedado.


“Pode ter um dente que tem o tártaro na parte da raiz, que é a parte óssea. Ele pode estar lindo e branquinho, sem sinal de tártaro, mas na parte da raiz ele tem a perda óssea e precisa ser extraído”, explica.


Caso o dente esteja saudável, o profissional faz a limpeza para tirar o tártaro. Se precisa de extração, o procedimento é mais longo. “A gente sutura, faz pontinho com fio absorvível para não incomodar – que de 20 a 30 dias o fio some, para não ter que sedar de novo para mexer na boca”, conta Anny.


O preço do procedimento varia entre R$ 400 e R$ 700, fora a anestesia. A médica-veterinária ressalta que é preciso avaliar a saúde do pet, que no fim, pode mudar o valor final do tratamento.


Com qual frequência a limpeza com profissional é indicada?


O ideal é que o pet realiza uma consulta no dentista veterinário uma vez ao ano, e em casos específicos, duas vezes. A recomendação é que o procedimento seja realizado por profissional especializado, que trabalha com aparelhos específicos para o tratamento, como raio-x intraoral.


“É diferente do raio-x de crânio (extra-oral), que muitas vezes os dentes ficam sobrepostos, o que acaba dificultando o diagnóstico correto. Por isso que sempre optamos pelo raio-x intra-oral”, conta a Dra. Stephani.


Todo procedimento odontológico em animais requer anestesia geral. Sendo assim, é preciso examinar todo o histórico de saúde do paciente, realizando exames específicos para um procedimento seguro, com menos risco em relação à anestesia.