Por tempo indeterminado, enfermeiros da Santa Casa paralisam por reajuste salarial

Categoria se mobilizou por dias protestando por valorização da profissão

Por tempo indeterminado, enfermeiros da Santa Casa paralisam por reajuste salarial Escala de enfermagem da Santa Casa funciona com 70% nesta quarta-feira. (Foto: Henrique Arakaki/ Jornal Midiamax)

Após dias de assembleias, o Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) informou, nesta sexta-feira (23), que os servidores da Santa Casa entram em greve por tempo indeterminado, a partir da próxima quarta-feira (28), por reajuste salarial no contrato anual com o hospital.


De acordo com a categoria, o indicativo de greve foi votado em assembleias na segunda (19) e terça-feira (20). A partir da decisão, os trabalhadores então cruzam os braços, o movimento deverá manter o número mínimo de servidores em exercício, que é de 30% em escala de rodízio entre os grevistas.


É a segunda vez no ano que os enfermeiros paralisam as atividades para pedir a valorização salarial, agora, em meio à crise financeira que o hospital vem pontuando que enfrenta. A promessa de paralisação havia sido derrubada por ordem judicial enviada ao Siems, por meio do sindicato patronal, o Sindesul (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde de MS), na terça-feira.


 


A reportagem entrou em contato com o hospital, questionando se haverá prejuízo nos atendimentos ou possibilidade de acordo com os funcionários, entretanto, não houve retorno. O espaço segue aberto para um posicionamento.


Protesto dos enfermeiros


Desde o início do mês, a categoria vem protestando contra o ministro Luís Roberto Barroso do STF (Supremo Tribunal Federal) de suspender os efeitos da Lei 14.434/2022, que estabelecia o Piso Salarial da Enfermagem em todo o país. A falta de um acordo referente ao reajuste da remuneração também tem levado enfermeiros a carreatas e movimentos em frentes aos hospitais que atuam.


Os últimos atos aconteceram em audiências públicas na Câmara Municipal dos Vereadores e MPE-MS (Ministério Público Estadual), onde município e o hospital apresentaram minutas para renovação do contrato. Entretanto, sem solução positiva para a categoria.


 


De um lado, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) apresentava dados de que a regulação continua encaminhando o mesmo número de pacientes ao hospital. Os recursos municipais mensais passaram de R$ 5,4 milhões, em 2017, para R$ 6,2 milhões, em 2022. Os dados indicam redução quantitativa ambulatorial, de 717.007 atendidos para 459.753 até julho deste ano.


Luis Alberto Kamura, superintendente da Gestão Médico-hospitalar da Santa Casa, refutou informando que, nesta quarta-feira, havia 21 pacientes na área vermelha e 50% na verde, com leitos de enfermaria utilizados, além de 43 pacientes aguardando cirurgia ortopédica. “Não estamos retendo maca propositalmente”, disse.


O hospital tem mais de R$ 13 milhões em dívidas. O diretor técnico da unidade, Dr. José Roberto de Souza, pontuou que instabilidade na contratualização entre o município e a Santa Casa tem causado precariedade no atendimento, e poderá resultar em mortes de pacientes que aguardam por procedimentos.


 


“É um absurdo tentar provar que o SUS é subfinanciado. Precisamos de dinheiro suficiente para tratar as pessoas. Senão ter acordo, vai ter mortes, principalmente das pessoas mais pobres”, afirmou.


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