Afetado pelos 'Panama Papers', Cameron anuncia nova lei contra evasão fiscal

Afetado pelos 'Panama Papers', Cameron anuncia nova lei contra evasão fiscal

O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, tenta reconquistar a confiança de seus eleitores nesta segunda-feira acelerando a aprovação de uma nova lei que irá tornar as empresas suscetíveis a penas criminais se seus funcionários contribuírem com a sonegação de impostos. Após uma semana de questionamentos a respeito de suas finanças pessoais e da ligação de seu falecido pai com um fundo offshore, Cameron procurou desarmar as críticas a respeito da maneira como lidou com as consequências dos "Panama Papers" divulgando sua própria declaração de imposto de renda.

O fundo de Ian Cameron que o premiê era sócio estava registrado em um paraíso fiscal, o que permitia à família Cameron fazer investimentos sem pagar impostos na Grã-Bretanha. A prática não é ilegal, mas definitivamente não pega bem para um primeiro-ministro evitar pagar impostos em seu próprio país. Na berlinda, Cameron está sendo criticado por todos os lados. Parlamentares opositores dizem que ele não fez o suficiente para apaziguar as dúvidas sobre seus bens e os membros de seu próprio Partido Conservador criticam sua condução da campanha de defesa da permanência britânica na União Europeia (UE) no referendo de 23 de junho.

Em seu pronunciamento no Parlamento nesta segunda, Cameron vai dizer que seu governo "fez mais do que qualquer outro nas ações contra a corrupção em todas as suas formas, mas irá além", de acordo trechos do discurso divulgados por seu gabinete. "É por isso que iremos legislar este ano para responsabilizar criminalmente as empresas que não impedem que seus funcionários facilitem a evasão fiscal", diz outro trecho.

O plano foi anunciado pelo ministro das Finanças, George Osborne, em março de 2015, e o compromisso era apresentar a lei até 2020, mas o vendaval causado pelos "Panama Papers" alteraram a agenda política britânica. Especialistas dizem que a medida pode levar as companhias a serem punidas por "empregados rebeldes" e aumentar o potencial de risco de empresas britânicas, que já vêm testemunhando níveis de investimento menores por causa da incerteza a respeito da permanência do país na UE.

"Primeiro, não vamos ter chiliques por causa dos vazamentos dos 'Panama Papers' e das questões pessoais do primeiro-ministro britânico", disse Chas Roy-Chowdhury, diretor da Acca, uma empresa contábil global sediada em Londres. "Precisamos ser proporcionais e realistas em qualquer legislação nova que seja apresentada", disse ele.

(Com agência Reuters)