Dolarização proposta por Milei coloca em dúvida futuro do peso na Argentina

Com a medida, o dólar americano se tornaria a moeda adotada pelo país

17/10/2022. REUTERS/Agustin Marcarian/Illustration/File Photo Dolarização proposta por Milei coloca em dúvida futuro do peso na Argentina Nota de peso da Argentina entre notas de dólar

A vitória do libertário Javier Milei, neste domingo, no segundo turno da eleição presidencial da Argentina tem grandes consequências para a economia do país, que enfrenta dificuldades, incluindo o destino do peso.


Como um outsider político que se apresentou com a promessa de “romper o status quo”, a plataforma econômica de Milei se baseava no desejo de dolarizar a economia argentina. A dolarização significa que o país renunciaria ao peso argentino e utilizaria o dólar americano como moeda.


Caso isso aconteça, a política lançaria a nação em território desconhecido: nenhum país do tamanho da Argentina entregou previamente as rédeas de sua própria política monetária aos que tomam as decisões em Washington.


Equador e El Salvador também dolarizaram suas economias para combater a inflação.


A Argentina tem uma das mais altas taxas de inflação do mundo. Dados publicados na semana passada mostraram que os preços aumentaram 142% ano após ano. A proposta de Milei de mudar a moeda argentina do peso ao dólar americano baseia-se no argumento de que o dólar é mais forte que o peso e, ao contrário do peso, não se pode imprimir à vontade.


Sua visão atraiu a atenção internacional e uma série de advertências de críticos, que se referem à medida como uma camisa de força, dizendo que com a dolarização o país perde autonomia para influenciar a economia por meio de medidas de política monetária como mudanças nas taxas de juros.


Sergio Massa, o atual ministro da Economia do país e oponente de Milei no segundo turno, havia criticado o plano de dolarização como uma rendição da soberania nacional.


Os defensores do plano, incluindo analistas do Instituto Cato, um grupo de especialistas econômicos libertários com sede em Washington, acreditam que a medida é uma estratégia prática para controlar o que foi um problema que durou décadas.


*Abel Alvarado contribuiu com a reportagem.


Este conteúdo foi criado originalmente em Internacional.

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