Políticos desconhecem paradeiro de Azambuja

O grupo de políticos que companhava o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) em Naviraí, município no sul do Estado localizado a 365 quilômetros de Campo Grande, se dispersou após o compromisso de campanha na noite da última terça-feira (11) na cidade. A reportagem conversou com dois dos quatro candidatos que aparecem nas fotos divulgadas no Facebook do governador. Ambos alegaram ter participado de um jantar com Azambuja e depois não tiveram mais contato com ele.

O deputado estadual e candidato, Onevan de Matos (PSDB), informou - por intermédio de um assessor - que estava em viagem nesta manhã, retornando de Naviraí para a Capital. O telefone do parlamentar foi atendido pelo assessor, que estava ao lado de Onevan e transmitia as perguntas feitas pela reportagem.

O deputado questionou o Correio do Estado sobre o paradeiro de Azambuja e se mostrou surpreso ao ser informado que ainda não foi localizado, nem mesmo pela Polícia Federal. O assessor confirmou a agenda política conjunta de Onevan com o governador na terça no município, e ainda disse que o deputado não estava na companhia de Azambuja no retorno.

Já o deputado federal Geraldo Resende (PSDB), que também confirmou ter participado de um jantar com Azambuja em Naviraí, disse que faz campanha em Ivinhema nesta quarta-feira (12). “Eu estou na rua, falando com os eleitores, pedindo votos. Estou no comércio, indo de porta em porta”. O candidato afirmou não saber quais eram os próximos compromisso de campanha de Azambuja. “Estivemos juntos ontem a noite, jantamos, e provavelmente a próxima agenda dele era dormir. Eu segui para Dourados, e hoje estou em Ivinhema”.

A reportagem entrou em contato com o candidato ao Senado, Nelson Trad Filho (PTB), que também estava em Naviraí, mas ele não atendeu as ligações. Trad chegou hoje por volta das 10h30 no Aeroporto Santa Maria, na Capital. O desembarque dele deveria ter ocorrido ao lado do governador, que após a divulgação da Operação Vostok da Polícia Federal, ainda não foi localizado.

O outro candidato que estava com Azambuja, Marcelo Miglioli (PSDB) - que concorre a uma vaga como senador -, também não atendeu as ligações feitas pela reportagem. O secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov), Eduardo Riedel, que poderia dar informações sobre o paredeiro do governador, estava com o telefone desligado.

Operação Vostok

As investigações tiveram início neste ano, e tiveram como ponto de partida delação de empresários do grupo JBS. A ação envolve 220 policiais federais que cumprem 220 mandados de busca e apreensão, 14 de mandados de prisão temporária em Campo Grande, Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes da Laguna e na cidade de Trairão (PA). Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O inquérito da PF apontou que até 30% dos créditos tributários (incentivos fiscais ao grupo JBS) eram revertidos em proveito do grupo, que os policiais federais chamam de “organização criminosa”. A Operação da Polícia Federal foi denominada “Vostok”, o mesmo de uma estação de pesquisa da Rússia na Antártida e, segundo a PF, tão fria quanto as notas utilizadas para lavar a propina da JBS.

As propinas foram pagas por meio de doação eleitoral para a campanha de 2015, e também em espécie, nas cidades de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), em 2015.

Os pedidos de prisão temporária foram em desfavor de: 

- Rodrigo de Souza e Silva (filho de Reinaldo Azambuja, governador de MS)
- Ivanildo da Cunha Miranda
- João Roberto Baird
- José Ricardo Guitti Guimaro (o Polaco)
- Antonio Celso Cortez
- Elvio Rodrigues
- Francisco Carlos Freire de Oliveira
- José Roberto Teixeira (deputado Zé Teixeira)
- Marcio Campos Monteiro (conselheiro do Tribunal de Contas de MS)
- Miltro Rodrigues Pereira
- Nelson Cintra Ribeiro (ex-prefeito de Porto Murtinho)
- Osvane Aparecido Ramos
- Rubens Massahiro Matsuda
- Zelito Alves Ribeiro

*Correio do Estado