Há três meses motorista sofre com fogo selvagem, doença autoimune rara

A enfermidade ataca a pele e o couro cabeludo causando bolhas e deixando lesões em carne viva

Há três meses motorista sofre com fogo selvagem, doença autoimune rara  Herickson sofre com uma doença rara que afeta a pele e o couro cabeludo (Foto: Arquivo pessoal)

Foram momentos de apreensão e muitas dores até que Herickson Deus Agadir Oliveira, também conhecido como gordinho, de 30 anos, conseguisse um diagnóstico preciso sobre as lesões espalhadas pelo corpo e no couro cabeludo. O resultado pegou o motorista e a namorada, Amanda Cristina Nascimento dos Santos, de 29 anos, de surpresa, pois eles sequer ouviram falar no nome fogo selvagem, ou pênfigo vulgar, doença autoimune rara e não transmissível que afeta a pele de Herickson.


Impossibilitado de conversar com a reportagem por estar de repouso a pedido médico, o Campo Grande News falou com a Amanda, a responsável por incentivar Herickson a procurar ajuda especializada quando as primeiras lesões surgiram no couro cabeludo.


“Eu sempre fui muito preocupada com saúde, tudo que sinto é qualquer coisa vou ao médico, insisti muito para que ele fosse desde que comecei a perceber as primeiras lesões que saíram, que foram na cabeça, ele resistiu e demorou um pouco para aceitar. Quando as lesões na cabeça pioraram ele acatou ir ao médico e aí começou nossa luta de UPA em UPA, várias medicações erradas ninguém imaginava o que ele tinha, mas não desistimos”, explicou.


A descoberta da enfermidade veio através da avaliação de um médico dermatologista, especialista, que trabalhava no Hospital Adventista do Pênfigo. O nome foi designado ao hospital em razão da doença. Hoje o local é referência no tratamento de fogo selvagem (pênfigo).


“Descobrimos tem 15 dias, agora ele está em processo de tratamento, é um processo demorado, porém estamos com muita expectativa mesmo sendo uma doença que não tem cura e pode voltar. A doença tem tratamento, ele já deu início a medicação e está sendo tratado em casa graças a Deus”, disse.


Primeiros sinais - As feridas em Herickson começaram na parte interna da boca, há três meses, mas se intensificaram há um mês. Amanda comentou que o namorado achou que eram aftas. Entretanto, elas não melhoravam nunca. Depois as lesões aparecem no couro cabeludo e logo se espalharam pelo corpo.


De acordo com Amanda Cristina, alguns sinais de alerta da doença e frisou que o diagnóstico precoce pode ser o diferencial na rapidez da recuperação das lesões causadas pelo fogo selvagem (pênfigo).


“Infelizmente o diagnóstico errado acaba atrasando o processo de cura, por onde passamos nos postos de saúde foi dito que era emocional as feridas. O nosso corpo ele dá sinal de quando algo não está bem, seja o mínimo de sinal mas ele manifesta. Então, ficar muito atento aos sinais que nosso corpo nos dá, apesar de ser uma doença rara e autoimune (do próprio sistema imunológico da pessoa) podemos ver não tão distantes um caso parecido, tanto que depois que descobrimos já soubemos de 2 casos próximos, então ela não é tão comum assim”, comentou.


Rifas - Antes de ser motorista, Herickson foi empresário e dono de uma conveniência, época em que ganhou o apelido carinhoso de gordinho. Além da doença, o motorista sofre de ansiedade e depressão, por isso teve que fechar o estabelecimento e já não consegue mais trabalhar. Devido à situação do namorado, Amanda, que está junto de Herickson desde maio deste ano, começou a fazer rifas para custear o tratamento e liquidar as dívidas altas.


“Tudo foi acontecendo ao mesmo tempo, então precisamos dar conta de tudo, liquidar as dívidas altas e arcar com o tratamento. Graças a Deus já estamos na segunda rifa em aberto e nosso foco agora e expectativa é o almoço do dia 11/12 que será na Seleta e vai contar com várias duplas e cantores amigos, inclusive temos um vídeo até do cantor Mariano convidando todos. Estamos com a expectativa bem alta”, finalizou.


Tratamento - Apesar do tratamento ser oferecido pelo SUS (Sistema único de Saúde), através da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Amanda explicou que optou pelo tratamento particular devido ao agravamento das lesões. “É um tratamento que com encaminhamento pode ser feito pelo SUS, porém já está num estágio bem agravado com muitas lesões, muitas dores, por isso não tínhamos mais tempo de esperar”, disse.


A Secretaria evidenciou que o tratamento da doença é feito através de demanda espontânea pelo Hospital Adventista do Pênfigo, de maneira gratuita.


Sobre o suporte ao namorado no momento delicado da doença, Amanda se sente orgulhosa da recuperação de Herickson e acredita que a união está mais forte do que nunca.


“O tratamento está sendo um processo demorado, sei que ele vai ficar bem, mas foi muito desesperador ver ele chorando de dor, gritando, muitas vezes me senti impotente, mesmo fazendo tudo que poderia ser feito, mas ainda assim nunca desisti. Sempre disse a ele que ia passar, que íamos vencer juntos essa batalha e aqui estamos contando com a solidariedade de muitas pessoas, com a descoberta da doença e tratamento e mais unidos do que nunca. É um mix de sentimentos. Eu fico com o coração apertado mas muito orgulhosa que ele está passando firme por tudo isso porque é uma doença que agride muito, judia, mas ele está sendo forte”, finalizou Amanda.


Origem do nome - A origem do nome do Hospital Adventista do Pênfigo, referência no tratamento de fogo selvagem, é resultado da busca do pastor Alfredo Barbosa de Souza, em 1947, que viu a esposa, Áurea de Souza, sofrer com Pênfigo Foliáceo (PF), uma das formas do fogo selvagem mais raras, porém menos agressivas e que até o ano citado era desconhecida.


Existem vários tipos de pênfigo. Os mais comuns são o Pênfigo Vulgar (PV) e o Pênfigo Foliáceo (PF). A primeira é a forma mais frequente e mais grave da doença, que atinge o motorista Herickson.