O presidente do Banco Central da Argentina, Luis Caputo, apresentou sua renúncia nesta terça-feira (25) ao presidente Mauricio Macri. Segundo comunicado divulgado pela autoridade, a demissão foi motivada por razões pessoais.
“Esta renúncia se deve a motivos pessoais, com a convicção de que o novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) restabelecerá a confiança nas situações fiscal, financeira, monetária e cambial”, acrescentou o texto.
Caputo também agradeceu Macri pela confiança que o presidente depositou nele quando ocupou vários cargos no governo, entre eles o de ministro das Finanças.
Segundo o jornal argentino Clarín, Caputo vinha apresentando divergências com o atual Ministério da Fazenda.
A renúncia ocorre durante uma viagem do presidente Mauricio Macri à Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas. Macri aproveita para manter contatos com o FMI. O país deseja revisar o acordo de 50 bilhões de dólares fechado anteriormente com o Fundo, para ter mais segurança diante de estresses cambiais recentes.
Além disso, o governo enfrenta hoje uma greve geral de trabalhadores contra as medidas de ajuste, como cortes de subsídios e demissões de funcionários públicos.
Crise econômica
A Argentina sofreu um estresse em seus mercados financeiros neste ano, sobretudo no cambial, com investidores temerosos sobre a trajetória das contas do país e a capacidade de honrar sua dívida.
Nesse contexto, Macri fechou um acordo com o FMI, de 50 bilhões de dólares, mas houve novos estresses no câmbio e agora o governo de Buenos Aires tenta renegociar os termos, para garantir mais segurança a fim de enfrentar a crise.
Algumas autoridades do governo estão nos EUA, para a Assembleia Geral da ONU, e aproveitam para tratar do assunto com o Fundo.
Na segunda-feira, Macri assegurou aos mercados que conseguirá renegociar o acordo com o FMI, fechado em junho, e garantiu que não há risco de o país decretar moratória da dívida externa, como em 2001.
A ampliação do crédito original pelo FMI tenderá a vir acompanhado por contrapartidas na área fiscal. Macri já está em negociação com o Congresso de seu plano de déficit primário zero em 2019 e prepara um projeto para a limitação da expansão dos gastos públicos. O FMI deverá exigir mais, além de impor o modelo que lhe pareça mais adequado para a Argentina.
O governo depende do Congresso, onde não tem maioria, para aprovar o orçamento de 2019, que prevê cortes nos gastos públicos – justamente em ano de eleição presidencial.
Macri disse que é candidato a um segundo mandato e que não mudará o rumo da política econômica, apesar de estar pagando um alto preço político.
O governo argentino atribuiu a crise a fatores que escapam do seu controle, entre eles, a pior seca em 50 anos e a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Mas, segundo Macri, o pior já passou e a economia deve voltar a crescer no segundo semestre.
*Com Reuters e Estadão Conteúdo