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A história real de ostentação do autor de ‘Asiáticos Podres de Ricos’

31/10/2018 às 11h04
Por: Tribuna Popular
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Mansões de cair o queixo, jatinhos particulares e festas de casamentos orçadas em dezenas de milhões de dólares. É assim, banhada no luxo, que a trama de Asiáticos Podres de Ricos (Editora Record) envolve o leitor no universo daquele 1% da população que detém boa parte das riquezas do mundo, com a ajuda de um apurado humor e um quê de contos de fadas. O livro, primeiro de uma trilogia, inspirou a comédia romântica Podres de Ricos, em cartaz no Brasil, se passa em Singapura e acompanha o deslumbre de uma jovem americana de origem chinesa ao descobrir que seu namorado é, como diz o título, podre de rico. Por trás da ostentação da história fictícia está a história real da família do autor, Kevin Kwan.



[caption id="attachment_2798998" align="alignleft" width="203" class="content-image"] (Tradução: Ana Carolina Mesquita; editora Record; 490 páginas) (//Divulgação)[/caption]





“Eu venho de uma família singapurana bastante tradicional”, escreveu ele em ensaio para a revista Town and Country. “Nossa árvore genealógica remonta ao ano 946, com a união de três famílias, criando o extenso clã que inspirou meus romances e o filme derivado.”

Segundo o escritor de 45 anos, a avó Egan Oh era uma mulher independente, que não tinha planos de se casar. Até que sua vizinha a fez mudar de ideia ao lhe apresentar o irmão mais novo Arthur P.C. Kwan. Egan vinha de uma família de classe alta. Seu pai foi um dos fundadores o OCBC Bank, um dos bancos mais antigos de Singapura. Enquanto Arthur era um famoso oftalmologista que, por seus trabalhos filantrópicos, chegou a ganhar o título de cavaleiro pela rainha Elizabeth II.

A vizinha e irmã de Arthur que uniu o casal era Margaret Kwan Fu Shing, que, ao lado do marido, criou um império na indústria de cosméticos iniciada com a Tiger Balm — pomada multiuso chinesa, que continua no mercado até hoje. “Eles viviam em uma propriedade que pertenceu ao sultão Johor e era uma das maiores casas de Singapura”, conta o autor sobre a residência de sua tia-avó.







O escritor singapurano Kevin Kwan (Vincent Yu/AP)




A casa de Margaret serviu como inspiração para os cenários ostensivos de Asiáticos Podres de Ricos, que misturam arquitetura neoclássica com o que a tecnologia tem de mais moderno. “Existe a ideia de que os asiáticos vivem em casas cheias de antiguidades e bordados, mas quando essa casa (da família de Kwan) foi construída, em 1920, sua mobília refletia o que tinha de mais moderno na época”, diz o autor.

A propriedade, hoje, não existe mais. Ela se transformou no condomínio de luxo Marq, o mais caro do país, famoso por ter uma piscina infinita por andar. O valor dos apartamentos chega aos 30 milhões de dólares (cerca de 112 milhões de reais).


Edifício The Marq em Paterson Hill Singapura (SC Global/The Marq on Paterson Hill Singapore/Facebook)






A mansã do filme ‘Podres de Ricos’ (//Divulgação)




A vida abastada da infância de Kwan se reflete no personagem Nick Young (Henry Golding). No filme e no livro, o protagonista, herdeiro de uma das maiores fortunas de Singapura, convida a namorada, Rachel Chu (Constance Wu) para a festa de casamento de um amigo no país natal. O primeiro choque é no avião, quando a classe econômica vira primeira classe. Até então, Rachel achava que o namorado era um pobretão que surrupiava sua senha da Netflix. “É um livro muito específico, sobre uma parcela da sociedade muito específica”, diz Kwan ao The Washington Post. “É uma sátira, como se eu colocasse uma lente sobre a situação e permitisse que cada um tirasse suas próprias conclusões sobre.”

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Michelle Yeoh, Henry Golding e Constance Wu em ‘Podres de Ricos’ (Warner Bros./Divulgação)




Nascida na China e criada nos Estados Unidos, Rachel se torna alvo da fúria e das sabotagens da família de Nick, por não ser de descendência rica — e pelo preconceito entre os singapuranos e os chineses. Na vida real, o escritor tem origem chinesa, mas cresceu entre os costumes de Singapura e o que restou da herança britânica, que dominou o arquipélago no século XIX. “Eu nem percebia que era chinês. Era tratado como singapurano, porque eu vivia aquilo todos os dias”, diz o autor, que se mudou com a família para os Estados Unidos aos 11 anos.

“A elite chinesa costumava ser educada em inglês, muito inspirada no Reino Unido — coisa que não acontece mais hoje em dia”, diz. “Tomávamos chá todos os dias às cinco da tarde e, depois do jantar, meu avô sentava na varanda para fumar cachimbo. Eu não sabia uma palavra de mandarim, e cresci com sotaque britânico”, conta o autor sobre as tradições europeias que também podem ser vistas no filme.



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