“Gente boa também mata”, a controversa campanha do governo federal para evitar acidentes de trânsito, teve seus cartazes reprovados pelo Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, em reunião realizada em São Paulo nesta quinta-feira. No entendimento do Comitê de Ética da entidade, as peças de mídia exterior da campanha denigrem a imagem de pessoas que praticam ações consideradas positivas pela sociedade – a ideia da ação, lançada no final de 2016 pela Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República (Secom), era justamente mostrar que mesmo pessoas bem intencionadas, se cometem uma infração como falar ao celular quando estão ao volante, podem pôr em risco outras vidas, por isso é preciso redobrar o cuidado.
Já o comercial da campanha, no entendimento do órgão, não precisa de qualquer intervenção e pode continuar a ser exibido na internet e na TV da maneira como foi criado. O processo sobre a campanha foi aberto pelo Conar depois de denúncias de espectadores que viam como pejorativa a associação entre acidentes de trânsito e pessoas que resgatam animais na rua, por exemplo.
O governo, no entanto, já havia se antecipado à decisão. Diante da repercussão negativa da campanha, o Ministério dos Transportes anunciou que recolheria os banners e peças da internet, onde foi alvo de forte ataque nas redes sociais, bem como peças de mobiliário urbano. Na ocasião, a Secom defendeu publicamente a campanha, afirmando que manteria os vídeos e dizendo, por meio de nota, que o objetivo do governo era “chamar a atenção para atitudes que até mesmo pessoas comuns podem ter ao volante, sem avaliar as consequências”.
Pedofilia e racismo
Recentemente, o Conar julgou outro caso controverso, a campanha do Metrô de São Paulo contra a pedofilia, acusada de racismo por trazer uma mão negra sobre a boca de uma criança branca nos cartazes. O Conar acatou as denúncias e pediu que a SPTrans, autarquia responsável pelo transporte público de São Paulo, suspendesse a ação, porque as peças repisariam o preconceito que alia a cor da pele à prática da violência.
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