Até o anúncio oficial da volta de Luiz Felipe Scolari, foram praticamente dois dias de conversas no Grêmio para afinar a escolha do novo técnico, que desde o início teve a maioria da direção em seu apoio. A forte identificação com o clube lhe concede ainda mais peso para tentar reverter a crise instalada no CT Luiz Carvalho.
O acerto ocorreu na noite de terça-feira, em conversa do vice de futebol Marcos Herrmann com Felipão. O dirigente foi quem confirmou a informação na noite de quarta, logo após a derrota para o Palmeiras que mantém o time na lanterna do Brasileirão.
Desde domingo, quando Tiago Nunes se despediu da equipe, o nome abarcava mais votos dentro do Conselho de Administração. Após a reunião de segunda-feira e novas conversas na terça, a vantagem de Felipão aumentou a ponto de ser definitiva.
A partir daí, houve o avanço nas negociações. O contrato até o final de 2022 foi acertado. E o técnico de 72 anos mostrou toda sua vontade de voltar ao clube.O Felipe sabe tudo do Grêmio, acompanha tudo do dia a dia. Quando ia falar sobre algum jogador, ele já sabia quem era, a movimentação, característica, tudo. Está com vontade juvenil de trabalhar. Me chamou muito a atenção.— Marcos Herrmann, vice de futebol
Referência e choque de realidade
Os dirigentes avançaram na conclusão de que era necessária a presença de um nome de peso e com estofo para ser também referência no departamento de futebol, comandado pelo vice de futebol Marcos Herrmann, o executivo Diego Cerri e o coordenador técnico Marcelo Oliveira.
Além de distensionar o ambiente, Scolari tem a missão de dar um choque no elenco, que tinha manifestado ao presidente Romildo Bolzan Júnior preferência pela volta de Renato Portaluppi.
O poder de remobilizar o grupo também foi diagnosticado e valorizado em Felipão. Além de sua identificação com o clube, como ele mesmo deixou claro recentemente.No Grêmio, eu me sinto em casa, não importa a época. E, no nosso lar, cuidamos dos nossos. Meu ambiente com o Grêmio vai continuar até o fim da vida. Com o sentimento de amor por parte minha para eles e deles para mim.— Felipão ao Player's Tribune.
Como gerir o elenco
O treinador tem boa relação com o volante Maicon, uma das lideranças do grupo, e trabalhou com Geromel na passagem anterior. Também treinou Thiago Santos e Diogo Barbosa no Palmeiras. Inclusive, mantinha contato com o volante. Marcelo Oliveira esteve com Felipão no Tricolor e no Verdão quando ainda era atleta.
A maneira como Luiz Felipe Scolari encerrou a última passagem, em 2015, também foi assunto nos bastidores. Alguns ajustes precisaram ser feitos para fechar o acordo. Além dos vice-presidentes, o CEO Carlos Amodeo era favorável ao retorno. Agora, fica ainda mais próximo do futebol, com participação ativa nas decisões.
Na reunião de terça-feira, já se falou sobre os rumos do grupo para 2021, possíveis saídas e chegadas. Em entrevista coletiva após a derrota para o Palmeiras, Marcos Herrmann citou que o treinador terá liberdade para definir o desenho do elenco.
— Essa decisão é total do Felipe, tem absoluta autonomia sobre o assunto. A decisão do elenco e do modelo de jogo é absolutamente do Felipe — afirmou o dirigente.
No dia a dia, Felipão dá muita liberdade para o auxiliar Paulo Turra tocar os trabalhos. Ele é o responsável mais direto por cobranças nas atividades, conforme ouviu o ge. Carlos Pracidelli já foi preparador de goleiros, mas hoje é mais um a traçar a estratégia junto do técnico.
A primeira manifestação do novo treinador está prevista para sexta-feira, véspera do clássico Gre-Nal. Felipão deve fazer a estreia contra o maior rival no sábado, a partir das 16h30, na Arena, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro.
*Globo Esporte
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