O caso DJ Ivis acendeu um alerta em todo o Brasil e despertou na população uma vontade imensa de fazer justiça e intervir. A companheira de Iverson, Pamella Gomes de Holanda, publicou nas redes sociais, gravações de câmeras de segurança que mostravam o DJ a espancando. As imagens comoveram e geraram revolta, levando à prisão do DJ nesta quarta-feira (14).
Na internet, campanhas de conscientização tomaram conta dos feeds de notícias. Ditados como "Em briga de marido e mulher, meta a colher sim" e "Em briga de marido e mulher, salve a mulher" ganharam destaque nas redes.
O apoio generalizado incentivou mais mulheres a denunciarem seus casos de agressão publicamente na web, relatando o quanto a ajuda que receberam foi necessária e importante. Tamanha comoção também levantou questionamentos sobre como ajudar uma mulher no momento de agressão e a forma mais correta de pedir socorro.
"Aqui em Campo Grande, nós temos a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher que funciona 24 horas por dia, então se o caso tiver acontecendo, acabou de acontecer, a mulher, alguém que ela confie ou alguma testemunha que visualize essa agressão, deve ligar para o Ciops, 190 e chamar uma viatura imediatamente", orienta a delegada Fernanda Félix.
Após a denúncia e chegada da viatura ao local, as partes são levadas para a Deam e lá a delegada de polícia prende o agressor e lavra o auto de prisão em flagrante. Atualmente, a vítima pode pedir ajuda: "se for no calor dos fatos: no 190. Se o fato já aconteceu, ela pode vir pessoalmente na Deam registrar boletim de ocorrência, usar o app do Governo do Estado 'MS Digital', ou ainda registrar no site naosecale.ms.gov.br", explica Fernanda.
Pamella Gomes de Holanda afirma que decidiu publicar os vídeos que mostram ela sendo violentamente agredida por medo de ter sua palavra desacreditada. Em relação às provas e seus pesos, a delegada da mulher orienta:
"Gravar, filmar, é mais um meio de prova, não que seja o único, nós temos vários. A própria mulher é uma prova viva das lesões que sofreu, ou uma testemunha que presenciou a agressão", diz.
No caso de Pamella, as imagens foram fundamentais para a repercussão da denúncia e não abriram brechas para contestação ou dúvidas da opinião pública, que de pronto apoiou a mulher.
"Os homens estão se adequando à lei, já que só pelo respeito em si não acontecia. Lógico que alguns homens respeitam, então para aqueles que não respeitam suas companheiras e ex-companheiras, veio a Lei Maria da Penha, que é uma das melhores do mundo, considerada a terceira lei em Direitos Humanos melhor do mundo, para coibir esse tipo de violência doméstica e familiar", relata a delegada.
Segundo Fernanda, essa ferramenta (lei) trouxe as medidas protetivas de urgência e as mulheres realmente estão fazendo o uso delas quando violentadas.
A delegada da mulher ainda destaca: "É importante registrar que o momento em que normalmente acontecem as agressões mais violentas é quando a mulher decide separar. A gente fala que os agressores são vários, mas os motivos costumam ser os mesmos", conta.
"O sentimento de propriedade, 'não vai ser minha não vai ser mais de ninguém'... esses tipos de frases são repetidas por vários deles, que costumam utilizar para justificar o seu ato violento criminoso", pontua.
A ação de mobilização para o assunto, depois das imagens de agressão do DJ Ivis terem viralizado, é vista de forma "muito positiva" pela delegada Fernanda.
"São as pessoas despertando para a violência doméstica que antes ficava debaixo do tapete, escondida, por vezes, entre as famílias mesmo e os filhos sofrendo com isso, a mulher sofrendo... Então, é o momento das mulheres despertarem e pedirem ajuda para realmente terem uma vida em tranquilidade", finaliza.
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