A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira que é preciso "encarar a reforma da Previdência", mas ressaltou que o governo buscará consenso político e nenhuma medida será tomada só com base em "razões técnicas". "Vamos ter que encarar a reforma da Previdência. Não é possível que a idade média de aposentadoria no Brasil seja 55 anos", afirmou a presidente, segundo áudio de entrevista a repórteres.
"Estamos envelhecendo mais e nossa expectativa de vida aumentou", disse ela. "Vai ter menos gente trabalhando no futuro para sustentar mais gente sem trabalhar: os mais velhos que vão ter uma longevidade maior e os mais novos, que estão nascendo."
A presidente acrescentou, no entanto, que não se pode mexer nos direitos adquiridos e garantiu que se buscará um consenso. "Ninguém vai fazer uma reforma dessas sem consenso político e só com razões técnicas. Levando em conta os direitos adquiridos e expectativa dos que estão no mercado - e isso deve ser feito de forma sustentável - teria que ter período de transição", disse.
China - Segundo a presidente, a situação da economia chinesa preocupa e tem consequências no restante do mundo. Dilma destacou ainda que as mudanças nas políticas macroeconômicas dos dois países se dará de forma distinta. "O ajuste da China é diferente do nosso. O nosso é por meio de mais investimento, o da China, por mais consumo."
Dilma considera "uma vantagem" o fato de o país ter 370 bilhões de dólares de reservas porque este é um "colchão" protetor contra maiores turbulências internacionais. Ela negou, no entanto, que esteja estudando o uso das reservas, como defendem alguns membros do PT. "Sequer discutimos isso", declarou.
A China é um grande comprador de commodities do Brasil e a economia americana está fortemente atrelada à chinesa, e um problema que afete estes dois mercados atingirá em cheio o Brasil.
Compromisso fiscal - Dilma ainda disse que fará "o possível" para garantir superávit primário de 0,5% neste ano e assegurar que a inflação comece a convergir para o centro da meta, de 4,5%.
Depois de avisar que "todo o governo está empenhado em garantir" que 2016 seja melhor do que 2015, a presidente avisou que "se aprovar a CPMF e a DRU (desvinculação das receitas da União), se estas propostas forem encaminhadas e se estabilizar a economia, a inflação irá convergir para a meta".
A presidente repetiu a expressão do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, que não há como tirar um "coelho da cartola" para consertar os erros na economia e defendeu que é preciso investir em duas frentes para reverter a crise: equilíbrio fiscal e retomada de crescimento.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)
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