Em depoimento prestado aos investigadores da Operação Lava Jato, dois empresários relatam que foram ameaçados de morte por Lúcio Bolonha Funaro, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o operador do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segundo a edição desta segunda-feira do jornal Folha de S. Paulo. Os registros constam no despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou as buscas e apreensões em imóveis de peemedebista, em dezembro. Na ocasião, Funaro também foi objeto dos mandados.
Os irmãos Milton e Salim Schahin, donos da empresa que leva o sobrenome da família, contaram que estavam receosos em prestar esclarecimentos aos procuradores por medo das ofensivas de Funaro. As ameaças foram registradas em boletins de ocorrência, que foram entregues aos investigadores.
A batalha entre Funaro e os irmãos Schahin teve início em 2008, quando a barragem de Apertadinho, em Rondônia, se rompeu, deixando centenas de famílias desalojadas. A Cebel (Centrais Elétricas de Belém), responsável pelo empreendimento, tinha Funaro como "representante de fato" e contratou um consórcio formado por Schahin e EIT Engenharia. Uma batalha judicial então teve início sobre quem deveria arcar com as consequências do rompimento.
De acordo com o jornal, Salim afirmou que as ameaças chegavam por telefone ou mensagens de celular. A transcrição do depoimento de Salim, que firmou acordo de delação premiada, revela que "Funaro certa vez ligou para o depoente, dizendo que sabia onde o filho do depoente morava e onde o neto estudava [...] Que escutou da própria boca dele que iria arrebentar o carro do [...] depoente e coisas do gênero."
No entanto, apesar dos indícios de que a empresa foi vítima de pressão e ameaças, os procuradores ressaltaram no documento que o ocorrido não vai livrá-la dos crimes praticados no esquema de corrupção do petrolão. "Vale ressaltar, embora evidente, que as ilicitudes apontadas [...] não isentam o Grupo Schahin ou seus sócios de qualquer ilegalidade praticada", escreveu a Procuradoria no despacho que embasou as buscas no mês passado.
Para os procuradores do Ministério Público Federal (MPF), Funaro era responsável por lavar o dinheiro ilícito de Cunha, assim como pagar, direta ou indiretamente, as despesas do amigo. Em troca, o deputado arregimentava políticos aliados para apresentarem requerimentos nas comissões da Câmara com o objetivo de pressionar a Schahin.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Funaro negou que tenha feito ameaças aos irmãos Schahin. O operador disse que Milton e Salim são réus confessos em esquema de corrupção e que os requerimentos de deputados refletem preocupação legítima com a atuação da empresa. Já o advogado de Eduardo Cunha, Alexandre José Garcia, afirmou que o presidente da Câmara jamais atuou em favor de Funaro e que ele não pode ser responsabilizado pela atividade de outros deputados, como apresentação de requerimentos. Os defensores da Schahin não foram localizados pela reportagem. (Fonte: Veja.com)
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