O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou em depoimento de sua delação premiada que "havia um sentimento de gratidão do Partido dos Trabalhadores" para com ele. Graças a tal sentimento, diz Cerveró, o ex-presidente Lula, deu a ele um cargo na diretoria da BR Distribuidora em 2008. O reconhecimento de Lula, segundo o ex-diretor da estatal, viria dos esforços dele pela quitação do empréstimo de 12 milhões de reais do PT com o Grupo Schahin. Nos trechos da delação de Cerveró foram divulgados hoje pelo jornal Folha de S. Paulo, também são citados a presidente Dilma Rousseff, e os senadores Fernando Collor de Melo (PTB-AL) e Renan Calheiros (PMDB-AL).
José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo de Lula preso em Curitiba por envolvimento no escândalo da Petrobras, confessou, em depoimento à Polícia Federal em dezembro, que tomou emprestados 12 milhões de reais do banco Schahin em 2004 e repassou 6 milhões ao caixa dois do PT de Santo André.
O dinheiro seria destinado a Ronan Maria Pinto, empresário de Santo André apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de recolhimento de propina incrustado na prefeitura da cidade na gestão de Celso Daniel. Maria Pinto supostamente estaria chantageando Lula e o ex-ministro Gilberto Carvalho por saber detalhes da morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002.
O pecuarista confessou também que sua dívida com o banco nunca foi quitada e o pagamento que anteriormente declarou ter feito, por meio da venda de embriões bovinos, foi uma simulação. A dívida de Bumlai com o Schahin, segundo o Ministério Público Federal, foi perdoada quando a empresa passou a operar o navio sonda Vitória 10 000, num contrato de 1,6 bilhão de reais negociado por Nestor Cerveró na diretoria Internacional.
Depois de cinco anos no posto, Cerveró foi indicado em 2008, durante o segundo mandato de Lula, à diretoria financeira e de serviços da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras.
Renan, Collor e Dilma - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também foi citado por Nestor Cerveró em sua delação premiada. Segundo o ex-diretor da Petrobras e da BR Distribuidora, Renan o chamou a seu gabinete no Senado em 2012 e lá fez uma reclamação.
De acordo com o delator, o presidente do Senado disse não estar recebendo repasses de propina na subsidiária da Petrobras e, informado de que o ex-diretor não estava mais operando repasses ilegais na BR Distribuidora, disse que retiraria o apoio político à permanência de Cerveró no cargo. Apesar do descontentamento de Renan, aliado do ex-presidente da subsidiária, Sérgio Machado, Cerveró só deixou o cargo que ocupava em 2014.
O ex-diretor atribui sua manutenção no cargo aos poderes concedidos por Lula e Dilma ao ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL). Segundo Cerveró, em uma reunião com Collor em 2013, o senador relatou uma conversa com Dilma em que a presidente teria colocado à disposição dele a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora.
(Fonte: Veja.com)
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