A Fifa informou nesta quarta-feira que demitiu o secretário-geral Jérôme Valcke, uma das figuras mais importantes da organização e ex-braço-direito de Joseph Blatter, devido a um suposto envolvimento em um esquema de venda ilegal de ingressos para Copa do Mundo de 2014. Na semana passada, o Comitê de Ética da Fifa anunciou a abertura de procedimentos formais contra Valcke, que já estava suspenso preventivamente desde outubro de 2015.
"O Comitê Emergencial da Fifa decidiu, em 9 de janeiro de 2016, demitir Jérôme Valcke de sua posição como secretário-geral da Fifa com efeito imediato", informou a entidade em comunicado nesta quarta. O dirigente francês de 55 anos estava na Fifa desde 2003, quando assumiu o cargo de diretor de marketing e TV,
No último dia 6, o Comitê de Ética da Fifa decidiu prorrogar em 45 dias a suspensão provisória aplicada ao ex-secretário-geral em 7 de outubro. Antes da demissão, o comitê já havia recomendado a suspensão por nove anos do dirigente francês, que ainda poderia pagar multa de 100.000 francos suíços (400.000 reais). Ele é acusado de violar até sete artigos do código de ética, sobre regras de conduta, lealdade, confidencialidade, conflito de interesses, obrigação de colaborar e aceitar presentes e outros benefícios.
Acusações - Líder da organização da Copa de 2014 no Brasil, Valcke é acusado de ter atuado nos bastidores num esquema com ágio de mais de 200% nos valores das entradas e que teria gerado mais de 2 milhões de euros apenas para o bolso do dirigente. As alegações apontam para a organização de um verdadeiro mercado negro de ingressos operando dentro da própria Fifa.
A denúncia foi apresentada por Benny Alon, empresário israelense e americano que desde 1990 trabalha com a venda de entradas para os Mundiais. Sua empresa, a JB Marketing, ainda apontou para o "desaparecimento" de 8,3 mil entradas para a competição e que teriam de ser vendidas por eles no torneio.
Valcke ficou conhecido no Brasil por ter sugerido que o país levasse um "chute no traseiro" pelos atrasos na obras da Copa do Mundo. Na Fifa, ele levou a entidade a ser condenada por uma multinacional, o que custou a ela 90 milhões de dólares em 2006. Naquele momento, a Fifa também anunciou seu afastamento, mas ele voltaria em 2007 como número 2 da entidade. Em seu lugar, assumiu o cargo de secretário-geral da Fifa o alemão Markus Kattner, diretor financeiro da entidade.
(com Estadão Conteúdo)
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