Em chinês, a palavra weiji, que significa "crise", é formada por dois ideogramas quando escrita: wei, que se refere a "perigo" e ji, relativo à palavra "oportunidade", duas ideias opostas que andam lado a lado. Pode se dizer que é este o principal mote de A Grande Aposta, filme indicado ao Oscar, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira. A produção conta a história de alguns empresários que conseguiram prever a crise de 2008 anos antes que ela eclodisse nos Estados Unidos. A sacada fez com que eles investissem dinheiro contra o mercado imobiliário, apostando em sua falência a fim de lucrar. A ótica pouco usual sobre o período transforma um dos momentos mais tensos da história recente da economia americana em comédia.
A trama é dividida em três núcleos distintos, mas que se influenciam. O estranhão Michael Burry (Christian Bale) é o primeiro a perceber a eminente quebra do sistema e passa a fazer investimentos improváveis. Ao perceber a movimentação contra o mercado imobiliário, até então tido como uma fortaleza pelos americanos, o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling) reconhece a oportunidade e começa a oferecê-la aos clientes. Claro que a maioria não aceita, considerando-a amalucada, afinal era 2005 - alguns anos antes da explosão da bolha. Um deles, entretanto, compra a ideia e entra na estratégia: Mark Baum (Steve Carell), um homem abalado por conta do suicídio de seu irmão. Já Charlie Geller (John Magaro) e Jamie Shipley (Finn Wittrock) acham as pesquisas de Vennett em uma pasta e também investem no plano, com a ajuda do experiente amigo de Wall Street: Ben Rickert (Brad Pitt).
Outras vezes, legendas aparecem na tela com esclarecimentos, sempre com bom humor e comparações esdrúxulas com fatos da vida cotidiana. O diretor também se beneficia da quarta parede, quando o personagem abandona o que está acontecendo a sua volta e fala diretamente para a câmera, com o espectador. Gosling é o que mais utiliza o recurso.
A mistura de linguagens é criativa e ajuda o longa a fluir com facilidade. Os entendidos de mercado financeiro não se sentirão subestimados, enquanto os leigos podem sair do cinema com um aprendizado. O maior trunfo do longa, entretanto, é por em prática a velha ideia motivacional de rir de si mesmo. Afinal, nada como superar um trauma com risadas.
O filme recebeu cinco indicações ao Oscar 2016, sendo elas: melhor filme; ator coadjuvante, pela atuação de Bale; diretor para McKay; roteiro adaptado, para McKay em conjunto com o roteirista Charles Randolph (Amor e Outras Drogas), e de melhor montagem. Confira o Trailer:
https://youtu.be/8FQCu6kCrS8
(Fonte: Veja.com)
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