Os bombeiros que trabalham há mais de 24 horas no combate ao fogo que consome dezenas de contêineres do terminal da empresa LocalFrio, em Guarujá, litoral paulista, deram início nesta sexta-feira ao uso da técnica de 'afogamento' para evitar que o fogo consuma completamente mais equipamentos de carga - liberando, assim, mais fumaça tóxica. Trata-se da submersão dos contâineres em tanques com água. Dos nove equipamentos nos quais as chamas foram controladas até agora, quatro se deram por esse método. Ao todo, 25 contâineres pegaram fogo.
A principal hipótese para explicar a formação da nuvem tóxica que se espalhou sobre as cidades de Guarujá, Santos, São Vicente e Cubatão é uma falha em um dos contêineres. O equipamento teria uma rachadura que permitiu que a água da chuva entrasse em contato com a substância química armazenada, o dicloroisocianurato de sódio. O contato dessa substância com a água provocou reações em cadeia, com liberação de gases tóxicos, explosões e fogo. As chamas teriam, então, se espalhado para os outros equipamentos de transporte de carga, gerando o incêndio de grandes proporções.
Antes de adotar esse método, porém, os bombeiros precisam analisar se essa é a melhor forma de combater as chamas. "Dependendo do material químico, a gente utiliza um determinado tipo de agente extintor, como espuma e pó químico - ou então a submersão", disse Marques. "Nós alisamos a quantidade de produto que está reagindo com a água. Se for grande a quantidade, a gente submerge. Caso contrário, nós aplicamos o agente extintor."
Meio ambiente - O gerente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Enedir Rodrigues afirmou nesta sexta-feira ao site de VEJA que não foi encontrada nenhuma anormalidade no Estuário (ambiente de transição entre mar e rio) de Santos, localizado na área portuária. "Fizemos uma vistoria no Estuário e não constatamos mortalidade de peixes".
A Cetesb também está fazendo coletas do sistema de drenagem da água. Ainda nesta sexta, deve chegar a Guarujá uma estação telemétrica móvel, que sai de São Paulo, para monitorar o ar da região. "Que a fumaça é tóxica nós já sabemos [por causa dos produtos químicos presentes nos contêineres], mas, a princípio, ela não causa nada mais sério", disse, referindo-se às sessenta e seis pessoas que procuraram uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região com sintomas de náusea, mal-estar, irritação na garganta e olhos lagrimejando.
Embora de toxidade baixa, a nuvem densa ainda cobre parte de quatro cidades (Guarujá, Santos, São Vicente e Cubatão). Por isso, a principal recomendação dos bombeiros é não ter contato com a fumaça, se possível. Caso contrário, as pessoas devem usar um pano seco ou uma máscara para minimizar a inalação da fumaça tóxica.
Questionado se a Cetesb vai tomar alguma medida judicial contra a LocalFrio, Rodrigues disse que, no momento, a preocupação é em concluir a parte técnica. Depois que finalizarmos a ocorrência, vamos tomar todas as ações contra a empresa", informou.
(Fonte: Veja.com)
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