A ex-ministra Marina Silva afirmou neste domingo que seu partido, a Rede Sustentabilidade, é contra o impeachment porque teme que a chegada do vice-presidente Michel Temer ao poder possa resultar na paralisação das investigações da Operação Lava Jato. Para Marina, tanto o PT, partido da presidente Dilma Rousseff, quanto o PMDB, de Temer, são "faces da mesma moeda" e têm responsabilidade diante dos sucessivos escândalos de corrupção que afetam o país. "O nosso receio é que o impeachment possa criar uma aura de que o problema foi resolvido, retirando todo o suporte da população às investigações da Operação Lava Jato", disse Marina após uma reunião da executiva da sigla, chamada de elo nacional, em Brasília.
Um dos porta-vozes da Rede, Luiz Eduardo Soares, argumenta que se Dilma for afastada do cargo, a coalizão de partidos que se formará para dar sustentação a um eventual governo de Temer poderia pressioná-lo a colocar obstáculos aos avanços da operação. "Essa eventualidade poderia criar condições adequadas a uma tentativa de paralisação da Lava Jato, que é hoje o que existe de mais importante no Brasil", afirmou.
Os aliados de Marina acreditam que, como o PMDB tem nomes importantes sendo investigados pela operação, a chegada de Temer à Presidência poderia fazer com que os caciques da legenda atuassem para inibir a atuação da Polícia Federal, seja repassando menos recursos para a instituição, seja escolhendo um ministro da Justiça que desse menos liberdade de atuação a órgãos como o Ministério Público.
Neste domingo, a ex-ministra voltou a afirmar que, apesar de a Rede ser contra o impeachment, o partido apoia o processo de cassação do mandato de Dilma e Temer que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para ela, a Operação Lava Jato dará suporte para a ação e poderá revelar se o dinheiro usado na campanha de 2014 foi fruto de desvios da Petrobras.
Marina também criticou a política econômica adotada por Dilma e disse que o Brasil vive uma "crise sem precedentes". No Congresso, a Rede não vai apoiar as medidas que vêm sendo defendidas pelo governo para o país sair da crise, como a volta da CPMF e a reforma da Presidência. Adversárias nas eleições presidenciais de 2014, a ex-ministra acusou Dilma de não ter "liderança política" e afirmou que a presidente levou o "presidencialismo de coalizão ao fundo do poço", transformando-o em um "presidencialismo de confusão e desmoralização".
(Com Estadão Conteúdo)
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