O Sistema Cantareira recebeu somente nos dois últimos dias uma quantidade de água superior à que entrou nos reservatórios durante todo o mês de janeiro de 2015, quando o manancial chegou a ter apenas 5% do volume morto.
Foram 36,4 bilhões de litros em apenas 48 horas, 18% a mais do que nos 31 dias de janeiro de 2015. Para efeito comparativo, a vazão de entrada de água no Cantareira no último domingo era de 193 mil litros por segundo. Há exatamente um ano, eram 5,1 mil l/s.
A vazão recorde no sistema desde o início da crise ocorreu neste sábado. Foram 228,7 mil l/s, índice semelhante ao que entrou no manancial em janeiro de 2010 e 2011, quando o Cantareira chegou perto de 100% da capacidade e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) abriu as comportas das barragens provocando a inundação de cidades do interior.
Com as vazões recordes, a represa Jaguari-Jacareí, que representa 80% do sistema, saiu neste domingo do volume morto. Foi nela que a Sabesp iniciou a captação da reserva profunda em maio de 2014. Considerando o estoque de todas as represas, o volume morto foi recuperado em 30 de dezembro de 2015. Desde então, o nível já subiu 8,7 pontos, chegando a 9,4%.
Racionamento - O racionamento de água feito pela Sabesp na região metropolitana poupou o equivalente a 27% da capacidade do Cantareira em 2015, ano em que a redução da pressão na rede foi intensificada por causa do agravamento da crise hídrica, provocando longos cortes no abastecimento à população.
Dados fornecidos pela empresa mostram que o racionamento resultou em uma economia média de 8,6 mil litros por segundo, o que corresponde a 271 bilhões de litros no ano. O volume supera em uma vez e meia a capacidade do Sistema Guarapiranga e é suficiente para abastecer 2,5 milhões de pessoas, a soma do número de habitantes de Guarulhos e Campinas.
Há uma redução da pressão feita desde 1997 para reduzir as perdas por vazamentos na tubulação em períodos de baixo consumo, como na madrugada. O período de restrição foi se ampliando gradativamente a partir de fevereiro de 2014, à medida que obras para aumentar o uso de outros sistemas foram sendo concluídas. A Sabesp destaca também a adesão da população ao programa de bônus como um grande trunfo para evitar o colapso no abastecimento em 2015, o volume economizado com o racionamento foi 41% maior do que o obtido por meio da economia espontânea feita pelos consumidores, que chegou a 192 bilhões de litros no ano passado.
Isso significa que a entrega controlada de água feita pela Sabesp foi responsável por 58% da economia total obtida em 2015, de 463,3 bilhões de litros. Na prática, se o racionamento não tivesse sido implementado, o volume morto do Cantareira teria se esgotado.
(Com Estadão Conteúdo)
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