O Comitê Olímpico Russo suspendeu nesta segunda-feira quatro competidores por doping em uma nova etapa do processo de "limpeza" no atletismo do país. Entre os punidos está Irina Maracheva, medalhista de prata dos 800 metros rasos no Campeonato Europeu de Atletismo de Helsinque, em 2012. Maracheva foi banida por dois anos com base em documentos enviados pela Federação Internacional do Atletismo (IAAF). Anna Lukyanova, da marcha olímpica, também levou dois anos de suspensão, enquanto as corredoras Yelena Nikulina e Maria Nikolayeva foram punidas por quatro anos. As substâncias proibidas utilizadas pelas atletas não foram reveladas.
Em novembro, o atletismo russo foi banido preventivamente de todas as competições internacionais pela IAAF, e corre sério risco de ficar fora dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Para que a Rússia participe das provas de atletismo no Brasil, o país precisa comprovar que está fazendo esforços significativos para acabar com o sistema de doping organizado denunciado por um relatório da Agência Mundial Antidoping.
No dia 16 de janeiro, a Federação Russa de Atletismo (Araf), elegeu um novo presidente, Dmitri Chliakhtin, que só permanecerá no cargo até setembro ou outubro, tempo necessário para tirar a entidade da crise. Chliakhtin tem encontro marcado com a comissão de inspeção da IAAF nesta segunda-feira, em Moscou. "Serão dois dias de reuniões discretas, de portões fechados", explicou a porta-voz da Araf, Alla Gluchtchenko.
Denúncias - No início de novembro de 2015, a Wada publicou um informe de 323 páginas descrevendo uma verdadeira indústria montada em Moscou para garantir medalhas com a ajuda do doping e o envolvimento direto do governo russo. Em 2012, em Londres, os russos ficaram em segundo lugar no atletismo, superados apenas pelos americanos, e o informe descreveu a atitude de Moscou como uma "sabotagem" contra os Jogos.
Rapidamente, o governo russo reagiu, alegando que tudo não passava de um "complô" internacional contra Moscou. Vladimir Uiba, chefe da Agência Federal Biomédica, acusou a Wada de fazer parte de uma campanha do Ocidente contra seu país. "São investigações com motivos políticos que entram na mesma categoria que as sanções contra a Rússia", disse à agência Interfax.
Em 13 de novembro, a Iaaf julgou insuficiente as respostas dadas pelos russos diante das acusações de um programa generalizado de doping e optou por suspender a Federação Russa e seus atletas de todas as competições internacionais. O presidente da Iaaf, o inglês Sebastian Coe, disse no comunicado em seu site que o episódio foi "um vergonhoso alerta" e que novos casos de "trapaça, em qualquer nível, não serão tolerados." A decisão foi tomada em reunião extraordinária do conselho da Iaaf. Foram 22 votos a favor da suspensão, um voto contra e uma abstenção (o membro russo do conselho não teve direito a voto).
(com Estadão Conteúdo)
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