O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) realizou, entre 2011 e 2014, 6.762 empréstimos com sua empresa, a TV Gazeta de Alagoas, que totalizaram 31,1 milhões de reais. Desse total, 16,4 milhões de reais foram usados para pagar despesas de consumo, como contas de energia elétrica, água, telefone, TV por assinatura, passagens aéreas, funcionários, entre outros, conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira.
Os valores constam em um laudo da Polícia Federal, que foi finalizado em 14 de janeiro, para a Operação Politeia, um desdobramento da Lava Jato que investiga o envolvimento de Collor com esquema de corrupção na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A estatal foi "reservada", a partir de 2009, ao senador Fernando Collor (PTB-AL) pelo então presidente Lula "em troca de apoio político à base governista no Congresso Nacional", afirmou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em denúncia protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Vander Loubet (PT-MS). Segundo Janot, foi criada na BR Distribuidora, ao menos entre 2010 e 2014, "uma organização criminosa preordenada principalmente ao desvio de recursos públicos em proveito particular, à corrupção de agentes públicos e à lavagem de dinheiro".
Em horas de voos, foram pagos 140.250 reais, outros 30.874 reais foram destinados a viagens de turismo internacional, e 1.782 reais foram usados para pagar contas de energia elétrica em Campos do Jordão. Os investigadores também encontraram registros de três despesas que estavam como "Foto campanha FC 2010" ano em que Collor disputou, sem sucesso, a eleição para o governo de Alagoas, mas os valores não estavam anotados.
Os gastos de Collor com consumo são muito superiores à renda que ele declarou em todo o período, de 700.000 reais. No laudo, os investigadores destacaram, de acordo com o jornal, que o fato de Collor ter usado parte do dinheiro da TV Gazeta com despesas pessoais é relevante porque os valores não poderão ser recuperados, ao contrário do que ocorre com bens que poderiam ser readquiridos por meio de venda.
"A TV Gazeta, além de conceder empréstimos a Collor sem observar sua capacidade de pagamento, não se preocupou com o fato de que ele despendeu pelo menos metade dos recursos recebidos em consumo - e o fez com o conhecimento da empresa, pois ela registrava isso na sua contabilidade", escreveu a perícia.
Depósitos - Documentos apreendidos na TV Gazeta e em outras duas empresas das quais Collor é sócio mostraram que a empresa recebeu 9,6 milhões de reais em dinheiro vivo. Outros repasses também foram feitos sem qualquer relação com a atividade de Collor. Do montante, 523.000 reais foram depositados pelo doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato, e Rafael Ângulo, que distribuía propina a mando do doleiro. Entre outubro de 2012 e janeiro de 2014, os dois fizeram dezessete depósitos.
Dos 9,6 milhões de reais que a TV Gazeta recebeu, 5,6 milhões de reais foram para Collor ou para sua mulher, Caroline. Desse total, 3,3 milhões de reais foram contabilizados pelas três empresas como sendo para abater uma suposta dívida do casal. Os investigadores descobriram, no entanto, que isso era uma operação simulada. "Em alguns casos, os depósitos foram transferidos imediatamente [de volta] para Collor."
(Fonte: Veja.com)
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