O procurador da força-tarefa da Lava Jato Antonio Carlos Welter afirmou, em um evento na noite desta terça-feira em Nova York, que a operação "não para mais de puxar o fio" da corrupção, referindo-se às descobertas do esquema de corrupção na Petrobras que surgem a cada nova etapa. Ao todo, a operação iniciada há cerca de dois anos já teve 22 fases.
"O caso da Petrobras começou de uma forma bastante pequena. Havia uma investigação envolvendo cinco doleiros", disse procurador, logo no início do evento, para uma sala lotada na sede da organizaçãoAmericas Society/Council of the Americas, em Manhattan. "O fio era pequeno e quando veio, não se para mais de puxar esse fio", completou.
A partir desses cinco doleiros, foi se chegando a diretores da Petrobras, políticos e empreiteiros. "Conseguiu se demonstrar que havia uma organização criminosa", disse o procurador, ressaltando que ela era composta por quatro grupos: grandes empreiteiras, funcionários da Petrobras, políticos (parlamentares e membros do governo) e doleiros.
"Por trás disso tudo estava a Petrobras sendo sangrada, a população brasileira sendo sangrada e também os investidores que compraram ações da Petrobras", afirmou. A Lava Jato completa em abril dois anos e, segundo o procurador, tem sido importante para o êxito até agora das investigações a participação de órgãos como o Banco Central, a Receita Federal, a Polícia Federal, além do apoio da opinião pública. "A Lava Jato está conseguindo agregar as forças de vários órgãos."
Questionado por um dos participantes do evento se a Lava Jato estaria prejudicando o desempenho da Petrobras, Welter disse que seria muito pior deixar uma empresa "endemicamente envolvida em corrupção". "Todo empresário sério tem mais interesse em trabalhar com uma empresa em que o contrato vai ser firmado de forma leal, legítima, sem a cobrança de nenhuma vantagem indevida", disse ele. "Vejo nosso trabalho não como algo ruim para a Petrobras, mas como algo bom. Muito pior seria deixar a empresa ou alguma outra estatal ou agentes públicos a continuar a cobrar propina".
(Com Estadão Conteúdo)
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