Depois de posar para fotos na semana passado ao lado do empresário João Doria Jr., fazendo com os dedos o símbolo da pré-campanha dele, o governador Geraldo Alckmin recebeu em audiência os outros dois concorrentes nas prévias do PSDB, que escolherá o candidato do partido para concorrer à prefeitura de São Paulo.
Na terça-feira, o vereador Andrea Matarazzo, que é apoiado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo senador José Serra, teve um encontro rápido e protocolar com o governador no Palácio dos Bandeirantes. Após a conversa, os dois foram fotografados juntos. Já na semana passada foi o deputado federal Ricardo Tripoli quem visitou Alckmin e também posou para fotos. O gesto do governador, que apoia Doria nos bastidores, foi uma tentativa de demonstrar isonomia no processo interno.
A eleição interna está marcada para o dia 28 e as inscrições já estão encerradas. "Fui fazer uma prestação de contas para o governador sobre a pré-campanha. Também falamos um pouco de política nacional e estadual", afirmou Matarazzo. O governador teria garantido ao vereador que "respeitará" o resultado das prévias e também teria prometido não influenciar no processo de escolha.
Na sua vez de encontrar o governador, Tripoli entregou a ele uma pesquisa paga pelo Instituto Teotônio Vilela, braço do PSDB nacional, na qual o deputado aparece na frente dos demais adversários em simulações com candidatos de outros partidos. O ITV é presidido pelo ex-deputado José Aníbal, que está em campanha por Tripoli. "O PSDB fez pesquisas em cidades onde mais de um candidato está disputando o direto de concorrer na eleição", afirmou o deputado. Além de São Paulo, a única capital onde haverá prévias é Goiânia (GO).
Segundo Tripoli, o governador não manifestou "preferência" por nenhum pré-candidato no encontro. "Não senti entusiasmo dele com a campanha do Doria", diz Tripoli. A avaliação entre aliados de Matarazzo e de Tripoli é que o gesto de Alckmin ajudou a distensionar o clima no PSDB.
Embora não tenha se manifestado de forma contundente, o governador tem ajudado Doria nos bastidores. "Conosco Geraldo Alckmin faz foto porque quer. Com os outros ele faz porque pedem", afirmou o empresário. Em um jantar com empresários em dezembro, Alckmin fez ao microfone uma declaração de apoio a Doria. "Vitor Hugo dizia, João, que nada segura a ideia de que chegou o seu tempo. E eu quero dizer que fiquei muito feliz se esse tempo for João Doria para trabalhar por São Paulo".
Apesar de não ter "vida orgânica" (história de atuação partidária) no PSDB, Doria conseguiu atrair para sua campanha os principais quadros tucanos do grupo de Alckmin, de quem é amigo há 35 anos. A movimentação do governador com Doria foi uma reação a pré-candidatura de Matarazzo, que teria sido lançada à revelia de Alckmin.
Cotado para disputar a Presidência em 2018, o governador gostaria de emplacar na prefeitura um nome afinado com seu projeto nacional. A expectativa entre aliados do vereador e de Tripoli é de que, se houver um segundo turno nas prévias, ambos se unirão contra o empresário.
Ao todo, 27.000 filiados estão aptos a votar na disputa interna do PSDB paulistano. Na prévia de 2012, entretanto, apenas 6.229 militantes compareceram às urnas e escolheram o hoje senador José Serra como candidato. Naquele ano o hoje senador recebeu 52,1% dos votos; seus concorrentes foram o atual secretário estadual de Energia, José Aníbal, e Tripoli.
(Com Estadão Conteúdo)
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