A Polícia Federal suspeita que a Samarco esteja escondendo dados sobre o monitoramento da barragem de Fundão, que se rompeu na cidade mineira de Mariana, em 5 de novembro. A tragédia aniquilou o distrito de Bento Rodrigues e matou dezenove pessoas, sendo que dois corpos seguem desaparecidos.
Em busca de mais informações, a corporação cumpriu nesta quarta-feira mandado de busca e apreensão nos escritórios da Samarco, em Mariana; na unidade de Ubu, localizada em Anchieta (ES); e na residência de um engenheiro que prestou serviço para a mineradora, em Viçosa (MG).
Segundo os delegados Alexandre Leão, chefe da delegacia regional de combate ao crime organizado, e Roger de Lima Moura, chefe do inquérito que investiga o rompimento da barragem, a apuração da queda da represa levantou a possibilidade de a empresa não ter repassado todos os dados que teria, o que pode ser punido com prisão dos responsáveis.
De acordo com eles, já foram constatadas divergências nos depoimentos de representantes da empresa, sobretudo em relação ao número de piezômetros (equipamentos usados para verificar o volume de água na barragem) e sobre as informações que esses medidores apontavam. A PF já concluiu também que os alteamentos da represa, obras realizadas para aumentar a capacidade, vinham sendo realizados em ritmo superior ao recomendado.
Em nota oficial, a Samarco disse que "está colaborando com a diligência policial, assim como vem fazendo desde o início das investigações das causas do acidente com a barragem de Fundão".
Apesar de ter sinalizado em reuniões técnicas a necessidade de mais tempo para aprofundar o plano de recuperação ambiental das áreas afetadas, a Samarco acabou cumprindo o prazo fixado e entregou o documento ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nesta quarta. A primeira versão do plano havia sido rejeitada pelo órgão, que a considerou "genérica".
A mineradora, agora, afirma ter entregado algo "robusto", que "compreende um processo dinâmico, sob permanente revisão e aperfeiçoamento à medida que as ações evoluem", disse o diretor de Projetos e Ecoeficiência da Samarco, Maury de Souza Júnior. Ele destaca que o documento tem "uma característica adaptativa".
Nesta quinta-feira, o Ibama iniciará uma vistoria em Barra Longa, uma das áreas mais atingidas pelo desastre de 5 de novembro. Na próxima segunda, o órgão pretende verificar o término das principais obras de contenção dos rejeitos remanescentes de Fundão.
(Com Estadão Conteúdo)
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