O marqueteiro do PT João Santana, que foi preso terça-feira no âmbito da 23ª fase da Lava Jato, deve dizer nesta quarta-feira, no primeiro depoimento à Polícia Federal, que os recursos recebidos no exterior não se referem a campanhas brasileiras, mas a trabalhos feitos fora do país. A informação é do criminalista Fábio Tofic Simantob, que defende o publicitário e a sua mulher, Mônica Moura, que se reuniu com os seus clientes ontem na Superintendência da PF, em Curitiba.
Segundo o advogado, Santana falará que "não tem um centavo de valor recebido no exterior que diga respeito a campanhas brasileiras". "Basta lembrar que de nove campanhas presidenciais que ele fez nos últimos anos seis foram fora do Brasil", completou. O defensor ainda afirmou acreditar que a prisão será revertida. "Confiamos que nesse depoimento, depois de dar todos os esclarecimentos que precisam ser dados, essa prisão absurda seja revogada", disse.
A força-tarefa da Lava Jato investiga se o marqueteiro recebeu em contas secretas no exterior dinheiro desviado da Petrobras por serviços prestados ao PT. João Santana comandou as três últimas campanhas presidenciais do PT, que levaram às vitórias eleitorais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014). Segundo as investigações, o suposto operador de propinas Zwi Skornicki repassou dinheiro para a offshore ShellBill Finance SA, do publicitário e da sua mulher, em 4 de novembro de 2014, dias após o término do segundo turno das eleições. Ao todo, ele teria recebido 4,5 milhões de dólares do lobista, que também é acusado de fazer pagamentos a outros alvos do petrolão, como os funcionários da Petrobras Renato Duque e Paulo Barusco.
Segundo o criminalista, Santana detalhará os valores recebidos aos delegados e procuradores da Lava Jato no interrogatório desta quarta-feira. Santana e a mulher voaram, ontem, da República Dominicana, onde ele atuava na campanha à reeleição do presidente do país caribenho, Danilo Medina, até o Aeroporto de Guarulhos, onde foi preso e levado sob custódia à carceragem da PF, em Curitiba.
Questionado sobre o fato de o casal ter se entregado aos policiais sem portar seus aparelhos celulares e computadores portáteis, Tofic respondeu: "Você já viu alguém ser preso com celular, você viu alguém usar celular na prisão?". O defensor afirmou que, assim que solicitado, os clientes apresentarão os equipamentos, se for necessário.
(Com Estadão Conteúdo)
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