A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira a Operação "O Recebedor" que investiga um suposto esquema de propina e fraudes na construção das ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste com base em provas colhidas na Operação Lava Jato. Ao todo, a PF cumpre sete mandados de condução coercitiva e 44 de busca e apreensão em seis Estados - Paraná, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás - e no Distrito Federal.
A operação, que é conduzida pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal em Goiás, mira em contratos firmados entre a estatal Valec, responsável pelas obras da ferrovia, e empreiteiras investigadas no petrolão, como Odebrecht, Queiroz Galvão, Constran, OAS, Mendes Júnior, Camargo Corrêa, entre outras. O ex-presidente da Valec João Francisco das Neves, o Juquinha, é um dos alvos de condução coercitiva.
A operação foi deflagrada a partir de um acordo de leniência e de colaboração premiada firmado com a empresa e pessoas ligadas à Camargo Corrêa. As investigações apontam que o esquema pode ter causado um rombo de 631,5 milhões de reais aos cofres públicos, considerando-se apenas os trechos construídos no Estado de Goiás. No acordo, a Camargo Corrêa revelou ter pago, sozinha, mais de 800.000 reais em propina para Juquinha.
Segundo a PF, as empreiteiras faziam pagamentos regulares, por meio de contratos simulados, a um escritório de advocacia e a mais duas empresas indicadas por Juquinha. As empresas funcionavam como fachada para maquiar a origem ilícita do dinheiro. Todos os alvos devem responder pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O nome da operação faz referência à defesa apresentada por um dos alvos em uma investigação anterior chamada de "Trem Pagador". Nela, a defesa dos investigados alegou que "se o trem era pagador, o alvo não fora o recebedor".
Esta não é a primeira vez que provas levantadas na Lava Jato originam uma nova operação. Em dezembro do ano passado, a PF deflagrou a Operação Cratons contra a extração e comercialização ilegal de diamantes em terras indígenas, no interior de Rondônia. Um dos alvos em comum era o doleiro Habib Chater, que era ligado a Alberto Youssef e era o dono do posto de gasolina que supostamente lavava o dinheiro da Lava Jato.
Confira os alvos de mandados da Operação O Recebedor:
Paraná: Cr Almeida S/A Engenharia de Obras; Ivai - Engenharia de Obras S/A
Maranhão: Agrossera - Agropecuária e Industrial Serra Grande Ltda
Rio de Janeiro: Construtora Norberto Odebrecht S/A
Minas Gerais: Servix Engenharia S/A - (Lagoa Santa/MG); Spa Engenharia Ind. E Com. Ltda;
Egesa Eng. S/A; Construtora Barbosa Mello S/A; Consórcio Aterpa M. Martins - Ebate;
Torc - Terraplanagem Obras Rodoviárias e Const. Ltda; Hugo De Magalhães;
João Bosco Santos Dutra; Bruno Von Bentzeen Rodrigues; Eduardo Martins;
Daniel Nóbrega Lima De Oliveira
São Paulo: Construtora Queiroz Galvão S/A; Mendes Júnior Trading E Eng. S/A;
Galvão Engenharia; Constran S/A - Construções E Comércio; Construtora OAS S/A;
Serveng Civilsan S/A Empresas Associadas de Engenharia; Cavan Pré-Moldado S/A;
Tiisa - Infraestrutura E Investimentos S/A; Braemp Brasil Empreendimentos E Participações Ltda;
Pedro Augusto Carneiro Leão Neto
Distrito Federal: Ulisses Assad; Rony Jose Silva Moura; Luiz Sérgio Nogueira;
Aloysio Braga Cardoso da Silva; Leandro Barata Diniz; Alfredo Moreira Filho; Laize de Freitas
Goiás: Elccom Engenharia Eireli; Evolução Tecnologia E Planejamento Ltda; Heli Dourado Advogados Associados S.S;
Consórcio Ferrosul - (Santa Helena/GO); Heli Lopes Dourado; José Francisco das Neves; Marivone Ferreira das Neves;
Jader Ferreira das Neves; Rodrigo Ferreira Lopes Silva; Rafael Mundim Rezende; Josias Gonzaga Cardoso;
Juarez José Lopes Macedo.
(Fonte: Veja.com)
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