Uma troca de mensagens de comissários e auxiliares da Stock Car divulgada nesta segunda-feira pelo jornal Folha de S. Paulo colocou em xeque a isenção dos profissionais e a validade de vários punições anunciadas na categoria nos últimos anos. Em tom debochado, as conversas em um grupo do aplicativo de mensagens WhatsApp levam a crer que não foram utilizados critérios imparciais na aplicação das punições. Cacá Bueno, cinco vezes campeão e outras cinco vezes vice, foi diversas vezes citado nas conversas e teria sido a principal vítima dos comissários. Seu pai, o narrador da rede Globo Galvão Bueno, já prometeu processar os profissionais.
"Vamos desclassificar ele por alguma coisa na próxima etapa...", teria dito o auxiliar de comissário Paulo Ygor Dias, em 7 de abril de 2015, dois dias depois de uma confusão na etapa de Ribeirão Preto. Na ocasião, Cacá Bueno, da equipe Red Bull, foi punido pelo STJD do Automobilismo por ter chamado os "caras da CBA" (Confederação Brasileira de Automobilismo) de "bando de imbecis" em uma conversa pelo rádio com a equipe, depois de um erro de uma comissária.
"Na minha época o Cacá foi vice 3 vezes porque eu não estava a fim de deixar ele ser campeão...kkkk", escreveu Clóvis Matsumoto, ex-fiscal da categoria, segundo a reportagem da Folha. "Eu presenciei essa época do Matsu...e também não faz muito que ele não foi campeão por uns pontinhos que tiramos dele", respondeu Ygor, com mais risadas. Em 2004, ficais desportivos desclassificaram Cacá Bueno e o então companheiro de equipe Thiago Marques, por irregularidades na bomba de direção hidráulica apontadas pelo próprio Matsumoto.
Ao jornal, Cacá Bueno classificou as denúncias como "repugnantes" e disse que já suspeitava de irregularidades há vários anos. Campeão da Stock Car em 2006, 2007, 2009, 2011 e 2012 e vice-campeão em 2003, 2004, 2005, 2010 e 2015, o piloto de 39 anos ainda usou as redes sociais para protestar. "Bom, a semana da abertura do campeonato infelizmente ou felizmente começa assim. Algo que todo mundo sabia mas nunca tivemos provas. Os comissários usam dois pesos e duas medidas e jogam um jogo de cartas marcadas. São moleques, no mínimo, eles mesmo admitem. E dentro da CBA tem gente sem o menor senso do ridículo, eles confessaram, tá aí pra todo mundo ler, mas tem gente graúda que segue defendendo a postura deles", iniciou, em seu Instagram.
"Ficaram perguntas no ar, foi da cabeça deles? Teve envolvimento da CBA ou de promotores? São só moleques ou algo mais? Quem investiga é quem fez a irregularidade? Infelizmente, o prejuízo à minha imagem, desportivo e financeiro, é incalculável. Acho que é a ponta do iceberg e que seja uma oportunidade de limpar o nosso esporte", escreveu.
Galvão Bueno também saiu em defesa do filho. "Eu disse no ano passado no Bem Amigos (seu programa no SporTV) que um dia a caixa preta da CBA seria aberta! Foi! Agora é vassoura grande e vai varrendo! Um inquérito terá que ser aberto e os culpados eliminados do esporte! Essa é a posição do jornalista! O pai vai aos tribunais!", escreveu o narrador, ao compartilhar a postagem de Cacá.
Matsumoto se defendeu das acusações e afirmou que tudo foi dito em tom de brincadeira, "uma molecagem" entre amigos. O fiscal afirmou que não há como inventar punições para pilotos de maneira arbitrária ou por motivações pessoais e garantiu que nunca viu algo do tipo acontecer desde 2002, quando estreou no cargo.
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