O ex-ministro da Justiça e agora advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, disse nesta quinta-feira, após conversar com a presidente Dilma Rousseff, que os termos do acordo de colaboração premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) são um "conjunto de mentiras". "Houve um conjunto de mentiras naquilo que eu sou citado diretamente e a presidente Dilma Rousseff também", afirmou o ministro. Cardozo acusou Delcídio de mentir aos parlamentares por ter negado a eles que faria um acordo de colaboração premiada, para evitar o avanço da representação partidária que pode levar à cassação do mandato dele no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Ele disse que Delcídio fez delação com objetivo de sair da cadeia.
Pouco antes, ao transmitir o cargo ao novo ministro da Justiça, Wellington César Lima e Silva, Cardozo mandou um recado a petistas que pediram a sua cabeça à presidente Dilma Rousseff. Ressentido, Cardozo deixou o Ministério após mais de cinco anos sob pressão do ex-presidente Lula e do Partido dos Trabalhadores para que controlasse as investidas da Polícia Federal, sobretudo, nas operações Lava Jato e Zelotes - que atingiram o alto escalão petista e revelaram negócios nebulosos na família do ex-presidente. "Em nenhum momento o ministro de Estado da Justiça recebeu orientação ou fez qualquer intervenção nas ações Polícia Federal. Ela pode investigar com autonomia. Meu papel se limitou exclusivamente a punir ou pedir a punição, abrir procedimentos, em relação a abusos", disse Cardozo.
Cardozo disse a Lima e Silva que a jornada dele no ministério também deve ser marcada por episódios de fogo amigo.
"Não lhe invejo a sorte. Ter compromisso republicano nesse país é difícil. Às vezes, na vida pública brasileira o que mais atrapalha são as virtudes e não os defeitos. Haverá momentos, não por má fé mas por incompreensão, que amigos dirão que você não faz aquilo que nunca deveria ter feito. Inimigos dirão que você está agindo mal, quando você está cumprindo a lei. Até pessoas que você julga sérias te retaliarão e se vingarão de você sem que nada de errado tenha acontecido. Situações dessa natureza certamente marcarão sua jornada no ministério da Justiça."
Cardozo disse estar orgulhoso de ter trabalhado como ministro da presidente Dilma Rousseff e secretário municipal da ex-prefeita de São Paulo Luiz Erundina, atualmente deputada pelo PSB. Ele afirmou que tanto Dilma quanto Erundina são "mulheres intrinsecamente honestas" e que "sofreram machismo e preconceito pelo fato de serem mulheres".
(Fonte: Veja.com)
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