Na sexta-feira, enquanto a Operação Aleteia estava nas ruas para conduzir Lula coercitivamente a depor à Polícia Federal, o juiz federal Sergio Moro passou por um momento constrangedor. A força tarefa da Lava Jato se confundiu e convocou para depor um homônimo de Jorge Washington Blanco, funcionário do Banco Schahin arrolado como testemunha de acusação na ação penal que tem com réu, entre outros, o pecuarista José Carlos Bumlai.
Por volta das 10h da manhã, enquanto Lula depunha no aeroporto de Congonhas, Moro se preparava para colher o depoimento de Blanco, que estava em Belo Horizonte e falaria por meio de videoconferência. Como é de praxe, o juiz federal enunciou ao depoente os motivos pelos quais ele estava ali e que deveria dizer a verdade, estando sujeito a um processo caso mentisse.
O magistrado passou a palavra a um representante do Ministério Público, que perguntou a Blanco, visivelmente desconfortável, qual era sua atividade profissional em 2009. Entre o incrédulo e o atônito, o depoente respondeu "eu sou capoteiro", ofício que consiste em fabricar ou reformar estofamentos e capotas de carros.
"Capoteiro?", reagiu o MP, antes de perguntar se ele havia trabalhado por algum período no banco onde Bumlai tomou emprestados 12 milhões de reais, repassados ao pagamento de dívidas de campanha do PT. A resposta foi negativa. O representante do MP insistiu, antes de encerrar suas perguntas, questionando se o capoteiro já tinha estado com o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, ao que foi respondido com um "não conheço".
Apesar do embaraço, Moro ainda perguntou se algum dos advogados que acompanhavam o depoimento teria perguntas a Blanco, até ser alertado por uma voz sábia: "salvo engano, se trata de outra pessoa. Seria uruguaio, ou argentino?". O juiz federal, então, esclareceu ao capoteiro que ele "talvez tenha sido chamado por engano, por alguma questão de homônimo" e encerrou a oitiva.
(Fonte: Veja.com)
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