A Operação Lava Jato decidiu investigar a cobertura usada pelo ex-presidente Lula, que pertence a um primo do pecuarista José Carlos Bumlai. A força-tarefa quer saber se Glaucos da Costamarques é, de fato, o proprietário da cobertura. Conforme disse um integrante da força-tarefa ao jornal O Estado de S. Paulo desta terça-feira, a apuração dessa segunda cobertura é necessária porque a compra do imóvel envolve pessoas citadas em outras investigações.
O ex-presidente é suspeito de ter ocultado patrimônio e de ter recebido dinheiro de forma ilícita de empresas envolvidas no escândalo de corrupção do petrolão - motivos considerados pelo juiz Sérgio Moro para autorizar a condução coercitiva do petista na 24ª fase da Lava Jato, deflagrada na última sexta-feira. Para os investigadores, Lula é o verdadeiro dono do sítio em Atibaia (SP) e de um tríplex no Guarujá.
Ao contrário do que afirmou o primo de Bumlai, de que a segunda cobertura era usada por Lula para guardar pertences, o Estado relata que a propriedade é mobiliada como uma moradia. Mais do que isso, o imóvel de número 121, do edifico Hill House, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, foi reformado para ser conjugado com a cobertura onde mora o ex-presidente, no número 122 - este último pertence a ele desde o fim da década de 1990.
Na sexta-feira, quando foi levado para a delegacia da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, Lula não foi questionado sobre essa segunda propriedade porque os investigadores não tinham a informação sobre a existência dela. Quando os agentes da PF chegaram ao prédio de Lula, a ex-primeira-dama Marisa Letícia autorizou o cumprimento dos mandados de busca e apreensão no local por escrito. Acontece que o mandado era apenas para o apartamento 122, de propriedade do casal.
Glaucos da Costamarques nega que tenha comprado o imóvel a pedido de Bumlai e diz que foi o advogado Roberto Teixeira quem sugeriu o negócio. Pessoas que participaram do negócio dizem que o advogado atuou na negociação. Por isso, a Receita Federal também estuda apurar o contrato.
Questionado sobre a relação do ex-presidente com a cobertura de número 121, a assessoria de Lula disse que o casal "aluga o apartamento". Segundo o primo de Bumlai, o petista paga 4.300 reais mensais, por meio de transferências bancárias.
Nos anos 1990, a compra da primeira cobertura de Lula também foi investigada. Na época, o Ministério Público abriu um inquérito para apurar o crime de evasão de divisas. Na época, Lula tinha comprado o imóvel de uma pessoa inadimplente que prestava serviços para a construtora responsável pela obra do prédio. O advogado da empresa, do vendedor e de Lula também era Roberto Teixeira.
Nesta segunda-feira, Teixeira disse que, por meio de nota, indicou o imóvel a Costamarques, "que concretizou a compra mediante escritura de cessão de direitos hereditários". "O processo judicial correspondente [inventário] ainda aguarda finalização". Teixeira disse ainda que a partir de 31 de janeiro de 2011, Lula "passou a ser o locatário do imóvel, pagando aluguel ao novo proprietário ao valor de mercado", diz o texto.
(Fonte: Veja.com)
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