Em uma cena incomum, o técnico Tite chegou acompanhado à sala de imprensa do estádio Defensores Del Chaco, em Assunção, não por um atleta, mas por dois dirigentes. O ex-jogador e agora coordenador técnico Alessandro e o diretor de futebol Eduardo Ferreira pediram o microfone para reclamar da arbitragem na derrota por 3 a 2 para o Cerro Porteño - quando, na realidade, deveriam estar insatisfeitos com o próprio time. Depois de um bom primeiro tempo, o Corinthians se descontrolou na segunda etapa, teve André e Rodriguinho expulsos e cedeu a vitória aos anfitriões, que agora lideram o Grupo 8.
A principal reclamação do time contra o árbitro peruano Diego Haro foi a expulsão de André, em dois lances discutíveis. O jogador, no entanto, já deu indícios de seu descontrole ao deixar o gramado no intervalo: havia feito um gol e era o melhor do time, mas preferiu dizer, aos microfones do canal Fox Sports, que o Cerro estava entrando forte nas divididas e que o Corinthians precisava fazer o mesmo. O discurso foi repetido por Lucca, outro que fazia um bom jogo, e não deveria se preocupar com isso. No fim, a tese de que "jogo de Libertadores é diferente, pegado, etc", mais uma vez foi inimiga do Corinthians, como diversas vezes ao longo da história.
"No primeiro lance, o André estende o braço e busca um apoio, não faz um gesto mais agressivo. No segundo, é a mesma coisa. Foi um chute normal, um lance que acontece até mais durante a primeira partida. A primeira expulsão mudou radicalmente a direção do jogo", justificou o agora dirigente Alessandro. "Só queria deixar registrado que o Corinthians é dos que mais ajudam a Conmebol em organização, trabalho (...) O árbitro tem que ter o mesmo critério para todos os lados. Só peço isso", completou Eduardo Ferreira.
Se a expulsão de André foi contestável, a de Rodriguinho, com uma entrada estabanada, foi mais do que justa. Assim como seria uma terceira, de Guilherme, que já tinha amarelo, entrou de carrinho no adversário, e escapou da expulsão pois o juiz não teve peito. O histórico de expulsões do Corinthians na Libertadores já deixou de ser uma coincidência: no ano passado, Paolo Guerrero, Stiven Mendoza, Emerson Sheik, Fábio Santos e Jadson receberam vermelhos ao longo da campanha, encerrada de forma precoce contra o Guaraní, do Paraguai. Num passado mais distante, nomes como Kleber, Roger e Cachito Ramírez também ficaram marcados por expulsões infantis.
Curiosamente, os times de Tite tem sido marcados por sua disciplina. No entanto, o treinador que passa o jogo todo gritando "sem falta" e até aboliu as caneleiras nos treinamentos para estimular a lealdade, precisará saber controlar melhor os nervos de seus atletas durante a Libertadores. Com a derrota (justa) para o Cerro Porteño, o Corinthians não poderá vacilar na próxima partida, quarta-feira que vem, contra o próprio clube paraguaio, em Itaquera. O Cerro lidera a chave com 7 pontos, um a mais que o Corinthians. O Santa Fe, da Colômbia, tem 4 e ainda enfrentará o Corinthians em casa, na penúltima rodada. Tropeçar na Libertadores depois de perder meio time para o futebol chinês é complemente aceitável. Mas transferir sua culpa à arbitragem não parece um bom caminho para o Corinthians.
(Fonte: Veja.com)
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