Delcídio do Amaral afirmou em sua delação premiada que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), "funcionava como menino de recados" do banqueiro André Esteves, atendendo aos interesses do banco BTG Pactual por meio de medidas provisórias e emendas parlamentares. As duas MPs citadas pelo senador são a 668, vetada por Dilma Rousseff, que buscava permitir o pagamento de dívidas com o governo com papéis de baixa liquidez, e a 608, cujo conteúdo tratava de créditos tributários, criando novas opções de capitalização dos bancos, e pela qual Cunha teria recebido 45 milhões de reais em propina, conforme anotações apreendidas na casa do ex-chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira.
O veto da MP 668 levou Delcídio a agendar um encontro entre Esteves e o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em que o banqueiro tentaria convencer Levy dos benefícios da medida provisória vetada. Além de Cunha, Delcídio apontou o senador Romero Jucá (PMDB-RR) como outro interlocutor frequente do banqueiro no Congresso.
Delcídio, Esteves e Diogo Ferreira foram presos em novembro de 2015, quando veio à tona a gravação feita pelo filho de Nestor Cerveró, Bernardo Cerveró, em que o senador oferece ajuda financeira à família do ex-diretor da Petrobras e cogita uma mirabolante fuga à Espanha. Em troca das conveniências, Cerveró deveria desistir de firmar um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
Em seus depoimentos, Delcídio também explica por que André Esteves estaria interessado no silêncio de Cerveró. De acordo com o senador, o banqueiro teria relatado a ele que seu sócio em uma rede de postos de gasolina, Carlos Santiago, pagou propina a funcionários da BR Distribuidora durante a operação de embandeiramento dos postos, que passaram a integrar a rede da BR. André Esteves teria negado que ele próprio pagou propina. O argumento do banqueiro foi o de que "meu banco é meu nome".
Lula - O banqueiro, ainda de acordo com Delcídio, seria também um dos principais doadores de recursos ao Instituto Lula. A relação entre o ex-presidente e Esteves se devia, segundo o senador, porque Lula apadrinhou alguns negócios do BTG Pactual.
(Fonte: Veja.com)
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