Karim Benzema é o principal atacante francês, mas ainda não tem presença garantida na Eurocopa da França, que acontece entre junho e julho, graças a um escândalo sexual que virou questão de Estado. O jogador do Real Madrid é suspeito de ter tentado extorquir o companheiro de seleção, Mathieu Valbuena, em caso analisado pela Justiça Francesa desde novembro do ano passado. Na semana passada, a Corte de Apelação de Versalhes suspendeu a ordem de restrição que impedia Benzema de ter contato com Valbuena, abrindo o caminho para que os dois fossem convocados para a Euro. No entanto, influentes políticos e personalidades francesas se opuseram à convocação de Benzema.
O jogador de 28 anos é acusado de servir como intermediário para chantageadores que teriam tido acesso a um vídeo de conteúdo sexual de Valbuena e teriam pedido 150.000 euros para não divulgar o material. Escutas de ligações telefônicas feitas na concentração da seleção francesa comprometeram Benzema, que, desde o início negou má fé e citou o caso como "um mal-entendido". Críticas abertas de Valbuena ao comportamento do colega aumentaram as suspeitas, mas até o momento a Justiça não se convenceu da culpa do atacante do Real Madrid.
O escândalo abalou a seleção nacional e o técnico Didier Deschamps se viu obrigado a não convocar os atletas para as últimas partidas. Nesta segunda-feira, a discussão sobre a reintegração de Benzema à equipe agitou o noticiário político da França. O ministro dos Esportes da França, Patrick Kanner se opôs. "Acredito que quem integra a seleção francesa tem que respeitar um código de ética. Atualmente, acho que essas condições não estão presentes na postura de Karim", disse Kanner à rádio RTL, mas deixando claro que a decisão cabia ao técnico Deschamps e a Noel Le Graet, presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF).
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, foi ainda mais duro. "Um grande esportista deve ser exemplo para a juventude. Quem decide é o treinador, mas penso que não haja condições de Benzema regressar à equipe de França", disse Valls, que tem origem catalã e é confesso torcedor do Barcelona, o rival do Real Madrid. Há alguns meses, o ex-presidente Nicolás Sarkozy saiu em defesa do jogador. "Não gosto de lições de moral. Todo mundo fala de coisas sem saber, que estão cobertas por segredo de Justiça. Aqui se acusa, se denuncia, se destrói e se reprova", afirmou Sarkozy à emissora Europe 1.
Um componente geopolítico coloca ainda mais lenha na fogueira: filhp de argelinos, Benzema é muçulmano e é constantemente criticado por não cantar a Marselhesa, o hino francês, antes das partidas da seleção, por considerar a letra bélica e xenófoba (sobretudo no trecho "que um sangue impuro banhe nosso solo"). O astro Zinedine Zidane, seu treinador no Real Madrid e maior ídolo do futebol francês, também filho de argelinos, fazia o mesmo. Recentemente, Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional e líder da direita francesa, citou a questão para defender a exclusão de Benzema. "Ele não canta a Marselhesa e jamais deveria ter vestido as cores da França".
Voz mais influente no esporte francês, Zinedine Zidane faz parte do time que defende o jogador. "Acho que a França não pode abrir mão de um jogador como ele. Espero que haja uma solução rápida para isso tudo". Nesta terça-feira, Benzema se defendeu das acusações que vem sofrendo. "Doze temporadas como profissional, 541 jogos, zero cartões vermelhos e onze amarelos. E alguns discutem minha exemplaridade?", perguntou o jogador no Twitter. Nesta quinta-feira, Deschamps anunciará a lista de convocados para os amistosos da França contra Holanda e Rússia, dias 25 e 29 de março, respectivamente.
(Fonte: Veja.com)
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