O senador José Serra (PSDB-SP) afirmou que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) deve assumir compromissos com a oposição e com o país caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada da Presidência da República. "O Michel Temer assumindo, eu diria que deveria se batalhar para formar um governo de união e de reconstrução nacional, com todas as forças interessadas na recuperação do país", disse o tucano em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira.
Serra considera que o impeachment é "altamente provável" e que essa não é uma questão "de natureza pessoal ou de fundo oposicionista". "É uma realidade cada vez mais clara para todos. Eu penso assim desde o início do mandado dela", completou.
Temer também precisa montar um ministério "surpreendente", de acordo com Serra, que tem conversado com empresários, nomes do mercado e do Judiciário e com políticos sobre a possibilidade de Temer assumir o governo. Entre esses interlocutores estão os ex-ministros Nelson Jobim e Armínio Fraga, o deputado Roberto Freire (PPS-SP) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Questionado sobre se o PSDB será chamado para integrar o ministério, Serra afirmou que sim e que o partido terá a "obrigação de participar". "Em um partido sério, toda participação em governo que não é o seu exige mão dupla. Você apresenta as ideias e se dispõe a cooperar. Daí nasce a boa aliança."
Em relação ao novo governo, na opinião do parlamentar, que tem pretensões de disputar as eleições em 2018, há a necessidade de "compromisso" de Temer em não disputar a reeleição e de não interferir tanto nas eleições municipais deste ano, quanto nas de governador daqui dois anos. "O novo governo não deve realizar nenhum tipo de retaliação a nenhuma força política. Seja das que participam, seja das que foram derrotadas", disse.
Economia - Economista de formação, o senador José Serra disse que não é pessimista e que a má fase econômica se deve às "expectativas". "Uma mudança vai criar expectativas favoráveis, sobretudo se tiver qualidade surpreendente", avaliou. "Isso permite encerrar um ciclo vicioso e substitui-lo pelo virtuoso. Essa derrocada [da economia] foi causada por fatores domésticos, o que é uma má notícia, mas ao mesmo tempo boa, no sentido de que a recuperação está em nossas mãos, não nas mãos da economia mundial."
De acordo com o senador, as duas áreas prioritárias do governo são justamente economia e também saúde - em relação a esta última, apenas o fato de trocar a administração por uma "competente e austera", já apresentará avanço. "As atuais epidemias são um reflexo do baixo investimento em saneamento e em campanhas educativas", exemplificou o parlamentar.
(Fonte: Veja.com)
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