O Comitê de Ética da Fifa abriu nesta terça-feira um inquérito em relação a um suposto esquema de venda de votos na escolha da sede da Copa do Mundo de 2006, ocorrida na Alemanha. Seis pessoas serão investigadas, conforme o comunicado divulgado pela Fifa, incluindo o ex-jogador e ídolo da seleção alemã, Franz Beckenbauer.
Os outros nomes a passarem pelo pente fino da Fifa já foram ligados à federação alemã (DFB, na sigla em alemão) e a maioria deles participou do Comitê Organizador da Copa de 2006. São eles: Wolfgang Niersbach e Theo Zwanziger, ambos ex-presidentes da DFB; Helmut Sandrock, ex-secretário-geral da DFB; Horst R. Schmidt, ex-secretário-geral da DFB; e Stefan Hans, ex-diretor financeiro da DFB.
"Nos casos de Beckenbauer, Zwanziger, Schmidt e Hans, a câmara de investigação irá apurar possíveis pagamentos indevidos e contratos para receber vantagens na escolha da sede da Copa do Mundo da Fifa de 2006", informou o Comitê de Ética da Fifa em comunicado.
Denúncias - O escândalo envolvendo a Copa de 2006 teve início em outubro do ano passado. Uma matéria publicada pela revista alemã Der Spiegel acusou a federação alemã de ter comprado votos para o país ser eleito sede do Mundial. Segundo a publicação, o comitê de candidatura, presidido pelo ex-jogador Franz Beckenbauer, criou um fundo de 10,3 milhões de francos suíços (equivalentes a cerca de 40 milhões de reais na cotação atual) para conquistar os votos de quatro representantes asiáticos no comitê executivo da Fifa.
A Federação Alemã de Futebol rechaçou as acusações de corrupção, mas reconheceu que houve um pagamento de 6,7 milhões de euros (cerca de 29 milhões de reais) à Fifa. Maior ídolo do futebol alemão, Beckenbauer admitiu ter enviado a quantia à Fifa em 2000, mas garantiu que agiu dentro da legalidade. Em comunicado oficial, Beckenbauer admitiu o erro e afirmou que "se pudesse voltar no tempo", teria rejeitado a proposta da Fifa de enviar um depósito para garantir o início da organização do Mundial. O ex-jogador, no entanto, negou qualquer tipo de irregularidade na movimentação.
Antes, Wolfgang Niersbach - que um mês após a denúncia da revista renunciou à presidência da federação alemã - havia alegado que a verba paga à Fifa tratou-se de uma garantia financeira para que a entidade máxima do futebol mundial enviasse à Alemanha uma quantia já disponível para a organização do Mundial de 2006. Ainda segundo Niersbach, a soma foi paga pelo então presidente da Adidas, Robert Louis Dreyfus, falecido em 2009. Oficialmente, os recursos iriam para "eventos culturais", mas essas atividades foram canceladas sem maiores explicações.
O jornal alemão Bild, revelou que o então recém-criado Comitê Organizador da Alemanha não tinha recursos para realizar o pagamento e, por isso, Dreyfus foi o encarregado de pagar, recebendo posteriormente a devolução por meio de uma conta da Fifa. Os outros países concorrentes à sede de 2006 eram África do Sul, Inglaterra, Marrocos e Brasil.
(Com Reuters)
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