Mesmo depois de 3,3 milhões de pessoas em todo o Brasil –segundo estimativas das autoridades de segurança pública, sendo 6,4 milhões conforme os organizadores–, saírem em manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff em 13 de março, e atos que se seguiram nos últimos dias, a população de Campo Grande dá pouco crédito aos protestos. A reportagem de O Estado foi às ruas ouvir de cidadãos sobre suas impressões das manifestações. Em maioria, mostram-se desanimados e sem perspectivas de mudanças quando se fala em política, independentemente de partido.
Ao mesmo tempo, uma minoria cita que foi protestar e acham que, sem dúvidas, esta é uma forma de demonstrar a indignação –mas que o correto, mesmo, é ir às urnas.
“Não fui na manifestação porque não resolve nada ir às ruas. Temos de mostrar nas urnas nossa vontade de mudança. Aí sim podemos tirar e colocar quem queremos. Não acho que a presidente vai deixar seu cargo por causa desses protestos”, disse o auxiliar de produção Ricardo Corrado, 27. “O que irrita é que as pessoas votam na mesma pessoa ou partido na eleição seguinte, por ter recebido algum benefício e teme ser cortado se trocar o mandatário”, emendou.
A mulher de Corrado, Silvia Nunes, autônoma, 28, compartilha da opinião. “Eu votei na Dilma e me arrependo por isso. Só que a oposição está aproveitando a situação do país e revolta do povo para tirar vantagem, como se outros partidos fossem resolver, mas não acredito. De qualquer forma, temos de mostrar indignação na hora do voto”.
Professora afirma que protestos valem, mas resultado só vem nas eleições
A professora Raquel Crivelare, 37, mostrou-se totalmente a favor do manifesto, mas ressalta que a diferença deve ser feita no dia da eleição.
“Eu não fui por que estava trabalhando, mas sempre vou com toda a minha família. A população tem de fazer isso mesmo, mas, de fato, a diferença será nas urnas. O povo não aguenta mais, e os culpados devem pagar pelos seus erros”.
“Não estive nesta manifestação, por eu tinha outro compromisso, mas fui em várias outras. Por mais que seja um momento de as pessoas se manifestarem, não vejo efeito positivo em tudo isso, por que tanta coisa já aconteceu e nada se resolveu. Falta mesmo é consciência na hora de votar”, ressaltou o vendedor Ataide Oliveira, 21.
Estudante diz que o protesto é contra o governo e não o partido
A acadêmica de Direito Larissa Rodrigues, 25, demonstrou total apoio às manifestações. Segundo ela, a revolta não é contra o PT e sim com o governo em si e os problemas atuais. “O PSDB está propagando que o PT é o pior. É o sujo falando do mal lavado. A nossa indignação não é contra o partido e sim a política desse governo da Dilma. Acho que sute efeito sim mas, de fato, as respostas vêm das urnas”.
O vendedor Luiz Gonçalves, 33, enfatiza que não vê o Governo Dilma tão ruim quanto parece. “Vejo tudo isso como golpe político. É tudo um marketing político ruim que estão fazendo. Não vejo um governo tão ruim quanto estão fazendo passar”, opinou. “Não acredito que seja dessa forma, a maneria correta de mostrar indignação. Um impeachment não resolveria e sim complicaria a situação do país. Além do que, se isso ocorre, para eles que estão no poder não surtirá efeito e sim a nós, a população, em especial os mais carentes”.
Policial diz que, para muitos, manifesto é sinônimo de festa O policial militar Fernando Michels, 25, disse que esteve no protesto do dia 13 de março a trabalho. Para ele, toda a aglomeração significa festa para muitos. “Acho que não surte efeito algum tudo isso. Falam que é apartidário, mas sem dúvida tem algum partido por trás de toda aquela estrutura. Muito se via nos locais gente bebendo e se divertindo e nem sabendo por que os manifestantes estavam brigando. Se perde o foco. A princípio, a resposta deve vir nas urnas”.
“Não fui e nunca vou em manifestações. Sai um ladrão e entra outro. Tem umas três eleições que não voto, por que não tenho esperança nenhuma de melhora”, disse indignado, o cozinheiro Sidney Garcia, 39. Já o aposentado Valdo Barbosa, 71, diz que esteve no protesto rapidamente e apoia a causa.
“Vim dar uma olhada e acho que tem que manifestar mesmo. Mesmo assim, vejo que a situação no país está de fato crítica, e principalmente os jovens devem protestar pensando em seu futuro. O brasileiro é acomodado. Reclama e não faz anda para mudar. Se deixar quieto só vai piorar”, destacou Barbosa.
Dona de casa afirma que vota nulo por falta de boas opções na política A dona de casa Letícia Torres, 32, apoia a causa, mas é outra que não vê melhora. “Tem umas duas eleições que eu voto nulo porque não tem opções boas. Talvez se não tivesse filho pequeno iria nessas manifestações, mas minha esperança é mínima de melhora”.
“Não fui e nem vou nesses protestos. Se tirarem a Dilma, só sairá ela e ficará todo seu grupo e com isso nada mudará”, destacou o vendedor externo Fabrício Batistii, 26. Sua esposa, Aline Martins, 22, auxiliar de frente de caixa, pensa igual. “Se fosse para tirar devera sair todos e não somente ela, para obter alguma mudança boa. As pessoas têm memora fraca e votam nos mesmos. Não vejo mudança com essas manifestações”.
(Fonte: O Estado Online)