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O caos visto do 'cartão postal das UPPs'

07/04/2016 às 13h09
Por: Tribuna Popular
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No final de 2010, depois da cinematográfica ação de retomada daquele que era o principal quartel general do crime no Rio de Janeiro, a imagem dos bondinhos cruzando os céus, em meio a uma imensidão de barracos, tornou-se a cereja do bolo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - parceria dos governos federal e estadual. Surfando nessa mesma onda, a secretaria de segurança estadual transformou o charmoso teleférico do Complexo do Alemão numa espécie de cartão postal de seu principal projeto: as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Turistas faziam filas para passear, tirar fotos e apertar as mãos de soldados que, enfim, haviam retomado um território perdido havia décadas. Esse cenário já mudou faz tempo. Nem é mais novidade dizer que os tiroteios ali são diários. Mas um vídeo feito por um morador e postado nas redes sociais revela o quão aterrorizante é o cotidiano de quem vive ali.

A gravação de 49 segundos traz uma sequência impressionante de rajadas de fuzil e metralhadora que não deixam dúvidas sobre o poderio bélico da quadrilha que, na verdade, jamais perdeu seu principal território. "Não para não, teleférico! Vai embora", grita o morador, que continua a filmar do alto, em meio ao intenso confronto. No final, ele ainda faz um alerta: "Vai morrer UPP".

A região é classificada, em documentos internos do Comando de Polícia Pacificadora (CPP), como uma 'área vermelha', ou seja, onde o programa de pacificação ainda sofre resistência. Os termos usados pelas autoridades, na verdade, são escolhidos com cuidado para evitar que se admita, ao menos publicamente, a caótica realidade dos moradores e, claro, dos PMs que sofrem ataques constantes ali e no vizinho Complexo da Penha.

Só neste início de 2016, quinze policiais foram feridos em tiroteios nessas regiões. O último deles, no dia desta filmagem, foi o cabo Borges, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), baleado na perna na terça-feira. Outro dado que deixa claro o fracasso da UPP é o número de registros de ocorrência da delegacia inaugurada há quase dois anos dentro do Complexo do Alemão: são pouco mais de 300, uma média de três por dia. "E quase tudo perda de documento, briga de casal ou os próprios policiais que vão comunicar ocorrências. Ninguém vai lá falar do tráfico, obviamente", explica um inspetor da Polícia Civil.

Se o Alemão fosse o único problema, o programa de UPPs, propagandeado como a salvação da crise de segurança do Rio de Janeiro e uma das grandes promessas de legado olímpico, talvez ainda pudesse retomar o rumo certo. Mas, como o site de VEJA vem mostrando, o tráfico retomou o controle de praticamente todas as 38 regiões onde as unidades foram implantadas.

No Complexo do Lins, a UPP foi expulsa de duas favelas (Gambá e Cachoeira Grande); no Fallet, na região central, não pode passar em determinados lugares do alto do morro. Isso só pra ficar em alguns exemplos. Na Zona Sul, o Chapéu Mangueira, no Leme, e o Tabajaras, em Copacabana, convivem com disputas entre duas facções criminosas pelo controle das bocas de fumo. Guerra, aliás, que está chegando até a minúscula Cruzada São Sebastião, um conjunto habitacional no coração do Leblon.

Para completar, a região do Jacarezinho e de Manguinhos, na chamada Faixa de Gaza carioca, criminosos voltaram a passear armados entre as favelas ocupadas, na porta da Cidade da Polícia Civil, onde ficam concentradas todas as unidades especializadas da corporação. Nesta madrugada, aliás, o 'bonde' voltou a fazer a travessia e deu-se início a um intenso confronto, envolvendo a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e PMs de ambas as UPPs. Pelo menos dois suspeitos morreram e um morador, João Thomas, de 58 anos, foi ferido no braço por uma bala perdida. A circulação de trens pelo local também foi interrompida.

(Fonte: Veja.com)

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