A Comissão Especial do Impeachment vota nesta segunda-feira o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao prosseguimento do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. Mas a votação deve ficar apenas para a noite, após algumas horas de discursos dos 27 líderes partidários, do relator e do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. A sessão começa às 10 horas. O Planalto já dá como certa a derrota na comissão. E negocia cargos de olho na votação decisiva em plenário, cujo resultado tanto governo quanto oposição admitem que ainda é incerto.
Ao todo, 61 deputados fizeram uso da palavra entre a tarde da última sexta-feira e a madrugada de sábado. A reunião durou mais de 13 horas. Em meio aos debates, os parlamentares da base governista começaram a abandonar o plenário. Coube a um dos vice-líderes do governo reconhecer a expectativa de derrota do Planalto na comissão. "Aqui na comissão nós já perdemos. Pode ganhar aqui, não estou nem ligando. Será uma ilusão. Vocês não vão colocar 342 votos no painel no plenário no domingo", disse Silvio Costa (PTdoB-PE).
O parlamentar calcula que a base governista terá entre 29 e 31 votos dos 65 na comissão e não conseguirá enterrar o avanço do relatório favorável ao afastamento de Dilma. A principal arma do Planalto é capturar, por meio do fisiologismo, votos de parlamentares do baixo clero no plenário. E Silvio Costa tem sido um dos principais articuladores de votos pró-Dilma.
Independentemente do resultado da votação na comissão, a questão seguirá para o plenário da Câmara. O cronograma prevê o início da análise na próxima sexta-feira, 15 de abril - e a votação deve ocorrer no domingo, dia 17. A denúncia contra Dilma só pode ser admitida a partir do voto de 342 dos 513 deputados. Caso os deputados decidam pelo prosseguimento do impeachment, caberá ao Senado definir se abre processo contra a presidente da República (entenda o caminho abaixo).
Também nesta segunda o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), definirá as regras da votação do impeachment. Ele já indicou que, a exemplo de demais votações conturbadas, as galerias, espaços abertos ao público comum para acompanhar os trabalhos dos parlamentares, devem ser restritas. "Não vamos conseguir atender todo mundo na galeria, vai gerar briga por ocupação, provavelmente claque, e não é esse o objetivo. O objetivo é que os parlamentares tenham sua posição expressa com a sua isenção que cada um quer ter", afirmou na sexta-feira. Cunha explicou que o local tem capacidade para apenas 250 pessoas e deve servir para abrigar parte dos jornalistas credenciados na Câmara e também familiares de parlamentares. "Vamos ver como a gente vai fazer. Todo mundo vai querer vir", disse. Cunha trabalha para finalizar a votação no domingo, quando está prevista uma grande manifestação em frente ao Congresso Nacional.
A pouco mais de uma semana da votação, os escaninhos da Esplanada dos Ministérios se transformaram em um escancarado balcão de negócios. Partidos médios, que ainda se equilibram na esfacelada base de apoio do governo, pressionam para abocanhar postos estratégicos em estatais, bancos públicos e na hierarquia dos ministérios colocados em leilão. No varejo das negociações anti-impeachment, conforme revela reportagem desta semana de VEJA, ministros aliados à presidente Dilma intensificaram a ofensiva em busca de apoio e oferecem o que os deputados quiserem em troca da garantia de um 'não' na votação que, no dia 17, vai decidir se o processo de deposição da petista vai ou não ter seguimento. Os próximos dias serão cruciais para o governo tentar amealhar os 171 votos para enterrar o impeachment. No mesmo período, partidos de oposição buscarão a todo custo os 342 apoios para a continuidade do impedimento de Dilma.
(Fonte: Veja.com)
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