Os manifestantes, que invadiram ontem o plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na Zona sul da capital paulista, passaram a noite no local e seguem o ato na manhã desta quarta-feira. O grupo formado por cerca de 70 estudantes reivindica a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de desvio de recursos da merenda.
Funcionários da Alesp relataram que mesas e computadores foram quebrados. Os estudantes negaram que tenham sido eles os autores do vandalismo. A assessoria da Alesp informou que o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), vai protocolar na tarde desta quarta-feira um pedido de reintegração de posse do plenário.
O tenente-coronel Reinaldo Priell Neto, chefe da Assessoria Militar do Legislativo, afirmou que deputados do PT facilitaram a entrada do grupo no plenário da Casa. Imagens gravadas por um celular mostram o deputado João Paulo Rillo (PT) dando um forte empurrão em um PM que tentava conter a invasão. (Veja o vídeo abaixo) "Ainda não falei com ele para saber o que aconteceu. Mas dizer que o PT participou disso é uma calúnia e quem disse terá de provar", rebateu o líder do partido, Zico Prado.
Fernando Capez, que foi citado por integrantes da chamada máfia da merenda apurado pela Operação Alba Branca, não estava no plenário no momento da invasão dos estudantes. Mais tarde, ele recebeu uma comissão de estudantes e garantiu acesso ao banheiro e a água durante a ocupação.
Os estudantes estenderam faixas com os dizeres "Alesp Ocupada" e "CPI da Merenda Já", subiram em mesas e cadeiras usadas pelos deputados e montaram uma barraca na frente do espaço reservado à Mesa Diretora da Casa. "Nossa única reivindicação é que se instaure uma CPI para apurar os desvios do ladrão de merenda, que se investigue a falta de comida nas escolas estaduais e nas técnicas", disse o estudante Daniel Cruz, diretor da União dos Estudantes Estaduais (UEE).
O ato dos estudantes na Alesp ocorre paralelamente às ocupações de escolas técnicas que vêm ocorrendo desde quinta-feira passada, quando vários estudantes invadiram o prédio Centro Paula Souza (CPS), no centro de São Paulo, para protestar contra a falta de merenda nas escolas. A autarquia é responsável pelas escolas técnicas estaduais de São Paulo.
Nesta quarta-feira, foi marcada uma audiência, a portas fechadas, entre representantes dos movimentos, do governo paulista, da Defensoria Pública e do Ministério Público, para discutir os desdobramentos do pedido de reintegração de posse determinado pela Justiça.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)
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