Apesar das cenas chocantes de violência, a confusão entre torcedores dos rivais CRB e CSA no gramado do Estádio Rei Pelé, em Maceió, na decisão do Campeonato Alagoano neste domingo, não resultou em mortes. Cinco torcedores agredidos deram entrada no Hospital Geral do Estado de Alagoas, três com ferimentos leves e dois em estado mais grave. Ainda nesta segunda-feira, todos receberam alta e a polícia local prendeu seis suspeitos pelas agressões, incluindo um gandula do CSA.
A invasão dos torcedores ocorreu pouco depois de Neto Baiano marcar o gol nos minutos finais que confirmou o título do CRB. Dois torcedores, um de cada equipe, sofreram muitos golpes, incluindo chutes na cabeça, e ficaram desacordados no campo. Os torcedores agredidos não tiveram suas identidades reveladas.
Nesta segunda-feira, o hospital esclareceu que o torcedor que sofreu as piores agressões tinha 17 anos, estava lúcido e "aos cuidados do bucomaxilofacial devido a um trauma de face". Pouco depois, em novo boletim, a equipe médica anunciou a alta do adolescente "após reavaliação da neurocirurgia. Sofreu trauma na face".
Ainda na noite de segunda-feira, a Polícia Civil de Alagoas informou que quatro suspeitos de participação nas agressões foram identificados pelas imagens de TV e presos: Joseph Herbert do Nascimento Pereira, de 29 anos, Artur Henrique dos Santos Almeida, 20, e Flávio Gouveia dos Santos, conhecido como Polho, 29 anos, todos torcedores do CSA, além de Wilson Ferreira dos Santos, 31 anos, que é gandula da equipe vice-campeã alagoana.
Ainda no domingo, logo após a partida, também foram presos Artur José Félix de Amorim, de 26 anos, e David Williams Alves de Oliveira, 20 anos, ambos com várias passagens pela polícia. Os presos serão encaminhados para a Casa de Custódia de Maceió.
Mortes - Fora do estádio Rei Pelé, a polícia civil de Alagoas registrou pelo menos duas mortes em consequência da partida de domingo. Na periferia de Maceió, o torcedor do CSA Cláudio Henrique Pino da Silva, 28 anos, foi assassinado diante da esposa, no momento em que assistia ao jogo em um bar próximo ao aeroclube da cidade.
Testemunhas informaram à polícia que a vítima foi morta a tiros depois de discutir sobre a partida com o acusado dos disparos, que fugiu do local e ainda não foi localizado. Também na periferia, Leandro da Silva Lima, 19 anos, foi morto a facadas pelos próprios colegas depois de tentar impedir que o grupo apedrejasse um ônibus com torcedores do CRB.
Extinção - O governador de Alagoas, Renan Calheiros Filho (PMDB) informou nesta segunda-feira, que pedirá ao Ministério Público Estadual (MPE) o fim das torcidas organizadas nos estádios alagoanos. Ele também pretende instituir a exigência de torcida única nos jogos entre CSA e CRB. "Muitos bandidos, criminosos, traficantes se infiltram nas torcidas organizadas, travestidos de torcedores. Mas, na verdade, essas pessoas vão verdadeiramente para criar problemas", ressaltou Renan Filho.
A intenção de Renan Filho é compartilhada pelo presidente da Federação Alagoana de Futebol, Felipe Feijó. Ele descartou punição para os times, alegando que a pancadaria ocorrida no domingo não teve responsabilidade dos clubes. "As organizadas provaram que vão ao estádio para fazer aquilo que fizeram, ou seja, para brigar, e não para torcer", ressaltou Feijó, em entrevista à imprensa local.
A violência entre torcedores também será discutida numa reunião extraordinária, que deve ocorrer nesta terça-feira, do Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg) - órgão vinculado ao Poder Executivo que controla a atuação administrativa e financeira das instituições integrantes da defesa social em Alagoas. Um dos objetivos do encontro é avaliar se houve negligência por parte da Polícia Militar de Alagoas, responsável pela segurança no estádio Rei Pelé.
(com Estadão Conteúdo)
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