Após ser cassado pelo plenário do Senado em votação que teve 74 votos favoráveis e nenhum a favor, o ex-senador Delcídio do Amaral atacou o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em nota divulgada na noite de ontem e assinada por Delcídio e seus advogados, Antonio Figueiredo Basto e Adriano Bretas, o ex-líder do governo Dilma no Senado acusou Renan de "gangsterismo" e de agir "de forma sorrateira e desleal" ao condicionar a votação do impeachment da presidente à votação do processo de sua cassação no plenário da Casa.
Delcídio atira contra o peemedebista porque a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado havia aprovado, na reunião em que deveria votar o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), um requerimento do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) que pedia à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) o envio à CCJ do aditamento da denúncia contra Delcídio, feito na semana passada.
Após o fim da sessão na comissão, senadores contrários ao requerimento, como o relator do processo de cassação no Conselho de Ética, Telmário Mota (PDT-RR), levaram a discussão ao plenário. Renan ameaçou adiar a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff se a CCJ, cuja função era analisar de o processo no Conselho de Ética seguiu a Constituição, e não discutir o mérito da denúncia, não votasse o relatório de Ferraço, que acabou aprovado.
"A tentativa de emudecer Delcídio do Amaral e esconder o já mencionado aditamento será objeto de pronta representação contra o senador Renan Calheiros, por obstruir o procedimento e constranger a Casa legislativa", escreveu Delcídio, que deve ir ao STF contra a decisão de Renan. Embora tenha faltado às sessões no Conselho de Ética em que poderia se defender, apresentando cinco sucessivos atestados médicos, o ex-senador entende que "a liturgia do rito de cassação foi conspurcada por manobra traiçoeira, típica do gangsterismo que intimida pessoas e ameaça instituições, com o espírito revanchista de quem se julga acima da lei e do Direito".
Também ausente na sessão que cassou o mandato de Delcídio, a defesa dele argumenta que "não se fez presente à sessão para não compactuar com as arbitrariedades dessa comédia de fantoches".
(Fonte: Veja.com)
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