O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quinta-feira que os senadores devem compor nos próximos dias uma comissão para fazer uma espécie de inventários das obras e projetos inacabados do governo Dilma Rousseff e propor soluções para destravar o país. Na iminência de levar à votação o projeto de alteração da meta fiscal para permitir que as contas públicas amarguem inéditos 200 bilhões de reais de déficit, Renan se reuniu com o ministro do Planejamento Romero Jucá para fechar detalhes finais da votação do projeto, que será levado ao plenário do Congresso na próxima terça-feira. O sentimento para garantir a votação e evitar que haja também pedaladas fiscais por parte do governo Michel Temer é o de que, nas palavras de Renan, "o Brasil não pode dar errado novamente".
"É fundamental que o governo tenha rapidamente esse diagnóstico [das contas públicas] para que nós tenhamos um número verdadeiro para reduzir a meta fiscal e para não fazer o que fizemos nas últimas reduções. Nós temos que reduzir, mas com a certeza de que aquela redução é real, é verdadeira, é concreta", ponderou. O caos nas contas deixado pelo governo Dilma Rousseff não se aproxima de forma nenhuma dos cerca de 96 bilhões de reais aventados pelo então ministro da Fazenda Nelson Barbosa. O primeiro panorama da área econômica estimava que o rombo poderia superar 120 bilhões de reais, depois 160 bilhões de reais e agora por volta de 200 bilhões de reais.
Embora tenha se mantido como interlocutor do Palácio do Planalto até instantes antes da votação do afastamento de Dilma Rousseff da Presidência, Renan Calheiros se mantém também como canal de diálogo do governo interino de Temer e articula para que sejam votados projetos de reaquecimento da economia e de reajuste das contas públicas. "Precisamos colaborar com saídas. Não podemos desfazer esse capital político que está sendo acumulado pelo novo governo e precisamos tocar rapidamente uma agenda de mudanças para que o Brasil saia rapidamente dessa situação", disse.
Segundo Renan, no cálculo do rombo no caixa do Erário, devem ser contabilizados, por exemplo, os juros a serem cobrados nas dívidas que os estados têm com a União - tema alvo de liminares no Supremo Tribunal Federal (STF) - e também a dívida bilionária da Eletrobras. "Eu acho que tem que colocar tudo para que nós tenhamos uma redução real, verdadeira e daí definir as políticas públicas para cada setor, para a retomada do investimento, para a simplificação da legislação com relação ao investimento privado", disse.
O presidente do Senado pontuou ainda que o governo precisa analisar a proposta de moratória feita por estados endividados e discutir o pagamento de mais de 270 bilhões de reais acumulados nos últimos anos em restos a pagar, que são despesas comprometidas mas que não foram pagas no mesmo exercício financeiro. "Vamos fazer um diagnóstico setor por setor. Estamos pensando em fazer no Senado uma comissão especial para fazer um levantamento dos investimentos, das obras inacabadas, sugerir o que fazer com elas. É um quadro dramático em relação a isso. Temos mais de 270 bilhões de reais em restos a pagar, coisas que não estão previstas no orçamento porque estão inscritas como restos a pagar", explicou.
Depois de se reunir com o presidente do Senado, o ministro do Planejamento Romero Jucá disse ser preciso "melhorar a economia" e "voltar a crescer". "O Brasil tem uma expectativa positiva forte da ação do governo do presidente Michel Temer. Nossa preocupação é melhorar a economia, é voltar a crescer, diminuir o endividamento do Estado, fazer com que o nível de empregos possa crescer, fortalecer a indústria, apoiar o agronegócio e fazer ações concretas na linha de concessões e parcerias público-privadas para aquecer o investimento", afirmou.
*Veja.com
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