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Ex-presidente do Paraguai e dono do Shopping China viram réus na Lava Jato

10/01/2020 às 08h44
Por: Tribuna Popular
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O ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, o empresário Felipe Cogorno Alvares, dono do Shopping China, uma das maiores redes de lojas nas cidades de fronteira do Paraguai com o Brasil, Dario Messer, conhecido como o “doleiro dos doleiros”, e outras 16 pessoas viraram réus pelos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, organização criminosa e formação de quadrilha. Juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, aceitou a denúncia da Procuradoria federal contra o grupo, investivado em fase da Operação Lava Jato.

De acordo com Bretas, autoria e materialidade dos crimes foram minimamente delineadas. "O que se afere do teor da documentação que instrui a exordial, razão pela qual considero haver justa causa para o prosseguimento da ação penal", diz o juiz na decisão.

Os réus são investigados no âmbito da Operação "Câmbio, Desligo", fase da Lava Jato no Rio deflagrada em maio de 2018 com a expedição dos mandados de prisão de 50 doleiros, dentre eles Dario Messer, o "doleiro dos doleiros", e da Operação Patrón, que mirou, entre outros, o ex-presidente paraguaio.

As investigações identificaram que Messer ocultou cerca de 20 milhões de dólares. Desse montante, mais de US$ 17 milhões teriam sido alocados em um banco nas Bahamas e o restante pulverizado no Paraguai entre doleiros, casas de câmbio, empresários, políticos e uma advogada.

Dono do Shopping China teria ocultado 500 mil dólares do doleiro. Decisão de Bretas diz que, em junho de 2018, quando estava foragido, Messer mandou uma carta ao ex-presidente do Paraguai pedindo o valor para cobrir gastos jurídicos.

Segundo a Polícia Federal, o nome da Operação, Patron, espanhol para "patrão" é o termo que Dario Messer utilizava para se referir a Cartes.

Dario Messer só foi preso em 31 de julho de 2019, quando foi localizado em São Paulo, no endereço residencial vinculado a sua namorada, Myra Athayde.

O magistrado federal ainda declinou parte da investigação para a Polícia Federal em São Paulo com relação a operações de câmbio irregulares realizadas por representantes da Entertour Câmbio e Turismo Ltda., assim como a possível lavagem de dinheiro da Najun Azario Flato Turner e identificação do paradeiro dos seus recursos que foram ocultados com o falecido Alexandre Sergio Soares Camargo.

Bretas também encaminhou investigação para a PF em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, sobre a existência de suposta associação ao tráfico de drogas pelos membros da Família Mota e a decorrente lavagem de dinheiro proveniente desses crimes.

Por fim, o juiz federal autorizou o compartilhamento das informações com as autoridades policiais e fiscais da Argentina, para o prosseguimento da investigação em cooperação policial internacional. Para Bretas, as autoridades argentinas poderão ajudar a identificar o possível doleiro utilizado pelo Grupo Hoteleiro Rochester.

A reportagem busca contato com os citados, mas não obteve retorno até esta publicação.

*Correio do Estado e Estadão Conteúdo

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