O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos do petrolão em Curitiba, considera que existem indícios de que o ex-assessor do Partido Progressista (PP) João Claudio Genu, preso nesta segunda-feira durante a 29ª fase da Operação Lava Jato, atuava com "profissionalismo e habitualidade na prática do crime". O motivo, aliado à possibilidade de Genu destruir provas das investigações, foi utilizado por Moro para decretar a prisão preventiva do operador do PP.
Em despacho datado do último dia 20, Moro critica o fato de Genu, réu no julgamento do mensalão, ter recebido dinheiro sujo mesmo quando o Supremo Tribunal Federal (STF) processava políticos e empresários suspeitos de distribuir propina para a formação da base aliada do primeiro mandato do governo Lula. Ao final, João Claudio Genu conseguiu reverter a condenação por lavagem de dinheiro por meio de embargos infringentes. Também foi beneficiado com a prescrição da pena imposta a ele pelo crime de corrupção.
"A percepção de propinas em esquema criminoso enquanto estava sendo processado por outro caracteriza, em princípio, acentuada conduta de desprezo não só à lei e à coisa pública, mas igualmente à Justiça criminal e à Suprema Corte", disse Moro. "Enquanto os eminentes ministros discutiam e definiam, com todas as garantias da ampla defesa, a responsabilidade de João Cláudio de Carvalho Genu pelos crimes, o próprio acusado persistia recebendo vantagem indevida decorrente de outros esquemas criminosos, desta feita no âmbito de contratos da Petrobras", continuou o magistrado.
"A prova do recebimento de propina mesmo durante o processamento da Ação Penal 470 [mensalão] reforça os indícios de profissionalismo e habitualidade na prática do crime, recomendando a prisão para prevenir risco à ordem pública", resumiu.
Entre as provas colhidas contra João Claudio Genu estão referências na planilha da propina feita pelo doleiro Alberto Youssef. Na listagem, o operador do PP é identificado com os codinomes Mercedão, Gordo, João e Ronaldo tanto quando os repasses têm como destinatário ele próprio quanto nos casos de o dinheiro ser remetido ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Além da planilha, os investigadores reuniram contra Genu controles de pagamento de Carlos Habib Chater, doleiro condenado na Lava Jato, registros de visitas nos escritórios de lavagem de dinheiro de Youssef, uma mensagem eletrônica enviada por Genu ao doleiro, a movimentação financeira expressiva e sem origem identificada de empresas relacionadas ao suspeito e compras de joias e imóveis em dinheiro vivo.
*Veja.com
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